Ontem o dia transcorreu de forma mais tranquila, com os juros americanos de 10 anos recuando um pouco. O índice Bovespa registrou uma leve queda indo a 113mil pontos. O volume de negociações foi bastante baixo, totalizando 16 bilhões de reais. A queda de 2,2% no preço do petróleo Brent acabou por afetar negativamente o desempenho da bolsa. Foi uma semana desafiadora, principalmente para os títulos americanos, devido ao aumento das taxas de juros que está afetando os mercados em todo o mundo, inclusive no Brasil. Na semana testemunhamos uma valorização impressionante do dólar, com o índice DXY alcançando a maior sequência de altas desde 2014, com onze semanas consecutivas de ganhos. Isso resultou em uma desvalorização significativa do real, que passou de R$4,80 para R$5,16 em relação ao dólar. Esse movimento não afetou apenas a moeda brasileira, mas também outras moedas de mercados emergentes, incluindo o euro, que atingiu mínimas nas últimas semanas. Esse aumento no valor do dólar está diretamente ligado ao aumento das taxas de juros longos nos EUA. Na manhã de hoje, foi divulgado o Índice Geral de Preços (IGP) de setembro, que apresentou uma alta de 0,45%, em comparação com a alta de 0,05% registrada em agosto. Esse aumento tem influência do câmbio e dos preços do petróleo, com o real mais desvalorizado contribuindo para a inflação. O aumento nos preços do petróleo eleva os custos de energia para todos. No acumulado do ano, o IGP ainda apresenta uma queda de 4,88%, enquanto em doze meses a queda é de 5,34%. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) registrou um aumento de 0,51%, marcando uma virada em relação às quedas registradas anteriormente. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) também apresentou um aumento de 0,27%, e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,34%. Toda essa dinâmica torna a situação do Banco Central Brasileiro ainda mais desafiadora. O mercado já está precificando uma taxa Selic terminando o ciclo acima de 10% no próximo ano. Para complicar ainda mais a situação, o relatório de empregos (Payroll) divulgado hoje nos Estados Unidos surpreendeu, com a criação de quase o dobro das vagas esperadas em setembro. Enquanto o mercado esperava a criação de cerca de 165.000 a 170.000 vagas de emprego, os números reais indicaram a geração de 330.000 vagas, o dobro do esperado. Essa surpresa pode ter um impacto significativo nas taxas de juros, podendo levá-las a subir ainda mais. Embora o dado de emprego seja uma ótima notícia para a economia americana, que está longe de entrar em recessão, isso também aumenta a probabilidade de novos aumentos nas taxas de juros, o que pode ter um impacto dramático nos mercados financeiros: “good is bad news”.