Agosto foi desafiador para o mercado de ações, com apenas cinco movimentos positivos ao longo do mês. Ontem ocorreu mais um declínio e a bolsa caiu para 117,5 pontos. Um fator desfavorável foi o resultado fiscal divulgado ontem, que trouxe um déficit de 35 bilhões de reais em julho, o segundo maior da série histórica. Essa notícia gerou preocupação no mercado, contrastando com o cenário internacional, onde as bolsas, especialmente nos Estados Unidos, ainda registraram ganhos em torno de 0,5%. Foi um dia de maior apetite por risco global, enquanto o Brasil se destacou negativamente. Particularmente durante a tarde, a influência do resultado fiscal se fez sentir. Os juros futuros voltaram a subir, ultrapassando 11%, e o dólar também se valorizou, alcançando 4,86 reais. Isso caracterizou um dia adverso para os ativos brasileiros em meio a um cenário positivo no exterior. No campo das commodities, o preço do minério de ferro voltou a subir impulsionado pelos dados chineses que superaram as expectativas. Os indicadores PMI industrial e composto trouxeram resultados acima das previsões, conferindo otimismo aos mercados internacionais e beneficiando as commodities. Nos Estados Unidos, o padrão de “más notícias são boas notícias” continuou a se manifestar. Os números de criação de vagas de trabalho do relatório JOLTS e os dados de empregos do relatório ADP contribuíram para um ambiente favorável ao risco. As bolsas americanas e as moedas emergentes em geral recuperaram parte de suas perdas em relação ao dólar. Além disso, os rendimentos dos títulos de dez anos recuaram para 4,09%, o que gerou uma sensação de alívio no mercado. Também foi divulgado o PCE, um indicador crucial de inflação nos EUA, que se manteve alinhado com as previsões em 0,2% ao mês. Isso sugere que a inflação está caminhando para a meta de convergência em torno de 2%. As opiniões divergem quanto ao tempo necessário para essa convergência, com alguns pessimistas argumentando que o Federal Reserve (FED) precisará elevar as taxas de juros, enquanto outros acreditam que a desaceleração econômica natural facilitará a convergência. Pessoalmente, eu me alinho ao segundo grupo, pois dados de desaceleração em várias áreas, como mercado de trabalho e PMI, estão se tornando evidentes. Parece mais provável que a inflação se encaminhe gradualmente para os 2%. Não se espera um aumento iminente nas taxas de juros, especialmente em setembro. A discussão continua aberta para a reunião de novembro, mas houve um avanço positivo no cenário nos últimos 15 dias, graças a informações sobre atividade econômica mais fraca nos Estados Unidos. No Brasil, também houve notícias encorajadoras, com a taxa de desemprego caindo para 7,9%, alcançando mínima desde 2014. Isso é benéfico para o crescimento econômico, pois um mercado de trabalho mais robusto estimula a economia. Para encerrar a semana, amanhã aguardamos um dado fundamental de payroll que poderá consolidar a atual tranquilidade nos EUA e reduzir as preocupações com aumentos das taxas de juros.
