Mercado enxerga inflação abaixo de 5% em 2023

Começamos o segundo semestre com um ritmo forte nos mercados. No mercado de juros a taxa  para janeiro de 2026 está próxima de 10%, quase atingindo um dígito. Seria a primeira vez que veríamos essa curva de juros em um patamar tão baixo em mais de dois anos. Existe uma grande chance de que, no curto prazo, a taxa de juros caia para um dígito, especificamente no vencimento de janeiro de 2026. Em relação ao câmbio, também iniciamos o semestre com uma apreciação cambial. Outro destaque importante é o relatório Focus, que continua revisando para baixo as expectativas de inflação para este ano, já projetando a Selic em 12% no final do ano e o IPCA em 4,98%. Na sexta-feira, tivemos a surpresa do corte de preços da gasolina pela Petrobras, o que ajudou a compensar a alta de impostos sobre combustíveis. Com base nesses acontecimentos, o mercado já está projetando uma inflação em torno de 4,75% neste ano, que estaria dentro da banda de inflação. Não seria absurdo imaginar que o IPCA possa atingir 4,70% ou 4,80% em 2023. Nesse caso uma trajetória de corte de 0,25% em agosto, seguida por mais três cortes de 0,5% cada, poderia levar a Selic a encerrar o ano em 12%. Teremos quatro reuniões do COPOM no segundo semestre. Nesta semana, teremos a sabatina dos novos diretores, Galípolo e Aquino, e uma agenda importante de Banco Central americano, com a divulgação da ata do Fed na quarta-feira. O mercado ainda está dividido em relação à quantidade de altas de juros que podem ocorrer no segundo semestre. O dado do PCE, medida de inflação, divulgado na sexta-feira, veio em linha com o esperado e aumentou um pouco a chance de apenas mais uma alta de 0,25%, levando a taxa dos FED Funds a 5,5% e encerrando o ciclo de aperto monetário. O mercado está agora em dúvida se teremos mais uma alta de 0,25% ou duas.

No geral, o primeiro semestre foi bom para os ativos brasileiros. O Ibovespa subiu 9% em junho, apesar da queda de 0,25% na sexta-feira, encerrando em 118.000 pontos. Foi a maior alta no primeiro semestre dos últimos quatro anos, com um ganho de 9% apenas em junho e uma alta de 7% no semestre. O dólar teve a maior queda semestral em sete anos. No exterior as bolsas também tiveram um bom desempenho, com destaque para o Nasdaq, que subiu 1,5% na sexta-feira e acumula um ganho de 30% no ano. A febre da inteligência artificial impulsionou esse crescimento, com empresas como Apple atingindo uma valorização de três trilhões de dólares. Além disso, tivemos o anúncio, hoje de manhã, de um recorde de vendas de carros elétricos tanto pela Tesla quanto pela BYD, a maior empresa chinesa de carros elétricos. Esses avanços estão relacionados à inteligência artificial e inovações tecnológicas. Como dizem, o carro elétrico é, na verdade, um computador sobre rodas, sua engenharia é completamente diferente; trata-se de um veículo totalmente eletroeletrônico, bem distinto de carros a combustão. Falando em combustíveis, a Arábia Saudita anunciou mais cortes na produção de petróleo para tentar conter a queda nos preços. As perspectivas para o petróleo não são boas. A commodity não tem força para subir, com a desaceleração da atividade econômica na China, o medo de recessão na Europa. O mesmo acontece com o minério de ferro, que apesar de ter apresentado uma alta em junho, não mostra grande força ao longo do ano. A atividade econômica na China tem sido um pouco fraca, o mercado imobiliário chinês também não decolou como esperado. Portanto, é difícil enxergar uma recuperação significativa para o petróleo e o minério de ferro. Nesta semana, teremos uma série de indicadores de atividade econômica que trarão novidades sobre o que está acontecendo na economia global. O destaque será o relatório de empregos (Payroll) dos Estados Unidos, que mostrará a criação de vagas no mercado de trabalho americano em junho. Lembrando que amanhã é feriado de 4 de julho nos Estados Unidos, então o mercado estará mais calmo hoje, funcionando com menor liquidez. A bolsa americana só retorna na quarta-feira. No entanto, o rali nos ativos brasileiros continua, com a convergência da inflação, queda na Selic e valorização do real. Temos uma perspectiva bastante positiva para os ativos brasileiros no segundo semestre.

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