*escrito por Luiz Carlos Gertz
A Aldo Auto Capas era uma empresa porto-alegrense que trabalhava com tapeçaria interna de automóveis. A qualidade de seus produtos inspirava exclusividade, luxo e requinte. Baseado nisto e numa condição peculiar do mercado na época que limitava a oferta de carros importados, os proprietários vislumbraram a possibilidade de produzir um carro esportivo, e assim nasceu em 1974 a Bensson Gobbi que projetou e construiu o Miura. O desenho arrojado e inovador inspirado nos esportivos europeus, a carroceria construída em plástico reforçado com fibra de vidro, o acabamento impecável, os faróis embutidos e escamoteáveis e a posição de dirigir, lhe davam ares de esportividade de um puro sangue. Apesar da mecânica utilizada ser simples, oriunda da Brasília Volkswagen, era confiável e robusta. Estas qualidades, somadas as restrições geradas pela proibição de importação de veículos para o Brasil, transformaram o Miura num fenômeno nacional. O sucesso do primeiro modelo, considerado por muitos como o mais lindo, deu origem a outros. Em 1984 é lançado o Miura SAGA, um belo carro com mecânica atualizada, motor e tração dianteira e suspensão McPherson. Mas, seu diferencial era a tecnologia inovadora. O carro tinha iluminação com neon azul nos para-choques, que apesar do gosto duvidoso, era uma inovação no mercado nacional, regulagem de posição do volante elétrica, e, a grande novidade, o carro falava. Um assistente de voz fazia alertas sobre uso de itens como cinto de segurança, freio de estacionamento, fechamento de portas e nível de combustível no tanque. O carro que atiçou o imaginário dos jovens que chegaram a fazer a fila para comprá-lo nos anos de 1980, deixou de ser comercializado em 1992, com a incrível marca de 3500 unidades produzidas. Hoje faz parte das fábricas de carros nacionais que trilharam um caminho de glória e abandono.
Há no You Tube um o criador o Miura emocionado com a perda do carro no mercado nacional. https://youtu.be/5aemrARnX4c