Na indústria da construção civil fazemos o mais fácil (como sempre)

*escrito com Fausto Oliveira

Cada vez mais, obras usam pré-fabricados (ou pré-moldados) de concreto. Muito usados em edifícios garagem e shoppings, eles são como um Lego. A construção é industrializada, vira uma montagem. Alta produtividade. Mas como é essa cadeia? A cadeia de pré-fabricação de concreto até tem a participação de insumos brasileiros, mas de menor densidade tecnológica, como vergalhões de aço e chapas para moldes especiais. Moral da história: temos indústria, claro. Mas qual indústria?

As peças de concreto são feitas muito antes da montagem, em unidades industriais que são verdadeiras fábricas de peças estruturais. É um nível de produção no qual o Brasil consegue ter boa presença. Temos várias empresas pré-fabricadoras de peças de concreto.

O problema é que as nossas empresas que produzem as peças pré-fabricadas precisam investir em enormes máquinas e sistemas para começar a produzir. Afinal, o pré-fabricado é um bem de consumo, e as máquinas que os fabricam são bens de capital.

Aí a porca torce o rabo contra nós, mais uma vez. O mercado de máquinas para produção de pré-fabricados é praticamente dominado pela Alemanha, com poucas empresas que exercem seu poder de monopólio sobre países como o Brasil.

Como são empresas que sofisticam seus sistemas constantemente, as empresas alemãs já robotizaram os sistemas de pré-fabricação, tornando a atividade mais cara para quem só faz a peça final, e mais vantajosa para elas.

Sem contar que, por ter função estrutural, toda peça de pré-fabricado leva aditivos químicos, em geral produzidos no país por multinacionais (dentre as quais as alemãs e suíças são as campeãs).

5 thoughts on “Na indústria da construção civil fazemos o mais fácil (como sempre)”

  1. O governo brasileiro começou a apresentar seu “Plano Marshall” com intenção de gerar empregos e combatar a crise coronavírus; a ideia é retomar obras paralisadas e novas obras. Estamos falando, então, de construção civil.

  2. Meu caro, o buraco da construção civil é mais embaixo. Se quiser conversamos. Um abraço

  3. Caríssimo, quais as razões das políticas industriais brasileiras (e não foram poucas) não terem vingado? Por que você não explica esse fenômeno, didaticamente, nos seus artigos? Parece que, por aqui, temos mais insucessos do que sucessos.

Deixe uma resposta