*escrito com Cris Penha
Quem assume o risco de levar o homem a Lua, o estado ou a inciativa privada? Ou a sociedade que engloba os dois? Este é o foguete Falcon 9 com a cápsula Crew Dragon, da empresa Space X desenvolvido em parceria com a agência espacial americana NASA, que decolou hoje rumo à Estação Espacial Internacional com dois astronautas. O governo americano pagou US$ 3 bilhões para a Space X, do empresário Elon Musk (Tesla/carros elétricos), projetar, construir, testar e operar o foguete/cápsula além de fazer 6 viagens espaciais. Outra empresa que recebeu alguns bilhões foi a Boeing para a desenvolver uma cápsula, a Starliner, que ainda não está pronta. A parceria entre o governo americano e o setor privado não é novidade no programa espacial. Desde o início do programa, nos anos 50, a Nasa contratava empresas para o desenvolvimento de seus foguetes, naves, sistemas, roupas espaciais, computadores e equipamentos para missões espaciais, estimulando assim o desenvolvimento tecnológico e consequentemente o desenvolvimento e crescimento da economia americana, já que muitas das descobertas e avanços do setor aeroespacial eram repassados ao setor privado para aplicação em produtos destinados ao consumo de toda sociedade.
Para se ter uma ideia de valores, apenas o programa Apollo, que levou o homem à Lua teve um custo de US$ 130 bilhões da época e chegou a representar 4% do PIB americano em alguns anos; com a participação de empresas como Boeing, Grumman, IBM e muitas outras. No setor militar não é diferente: orçamento anual em torno de US$ 600 bilhões para a manutenção e operacionalização da máquina de guerra pelo mundo e desenvolvimento de novas tecnologias e projetos militares, que futuramente podem ser destinados ao uso civil, como foi o caso da Internet, sistemas de GPS, aviação civil, satélites e muito mais. O orçamento de defesa dos EUA mostra um estado desenvolvimentista lá no coração tecnológico do país!
os EUA não se tornaram a maior potência econômica e militar do planeta sob a política do Estado Mínimo, como muitos no Brasil imaginam. A presença do Estado foi fundamental nesse processo de desenvolvimento, como na Europa, Japão, Coréia do Sul, China, Rússia e até mesmo no Brasil, que foi um dos países que mais cresceu no século passado a partir de políticas desenvolvimentistas. É verdade que os EUA adotaram políticas de Estado Mínimo desde o final dos anos 70, mas na questão da redução de direitos trabalhistas, corte de gastos sociais e desregulamentação financeira que resultaram em aumento das desigualdades e crises financeiras monumentais, como a de 2008, onde ironicamente o governo foi chamado pra salvar instituições financeiras e empresas à beira da falência como a General Motors e muitas outras, principalmente do setor financeiro. Estado e Setor Privado não são inimigos, nem excludentes um ao outro. Devem atuar juntos, em parceria, com objetivos em comum. O complexo militar aeroespacial americano mostra exatamente isso.
Realidade, sonhos, um amanhã fantástico ou a disruptura de tudo?