No século XIX, os Estados Unidos adotaram uma política de protecionismo econômico, buscando promover o crescimento industrial e proteger os produtores nacionais da concorrência estrangeira. Essa política foi influenciada por várias teorias econômicas da época, como o sistema mercantilista e a teoria das vantagens comparativas. Os Estados Unidos enfrentaram um cenário em que a sua indústria estava em desenvolvimento, enquanto a Europa já possuía indústrias mais estabelecidas. Para proteger sua indústria emergente, os Estados Unidos implementaram tarifas de importação para dificultar a entrada de produtos estrangeiros no mercado doméstico. Essas tarifas eram conhecidas como “tarifas protecionistas” e tinham o objetivo de tornar os produtos estrangeiros mais caros em relação aos produtos nacionais, estimulando assim o consumo interno e o crescimento da indústria local. Comparando com outros países europeus, como Alemanha e Inglaterra, os Estados Unidos possuíam níveis de tarifas de importação significativamente mais altos. Isso refletia a postura protecionista adotada pelos EUA, que buscavam limitar a entrada de produtos estrangeiros e proteger sua indústria nascente. Por outro lado, a Inglaterra, como uma das principais potências industriais da época, tinha uma política mais liberal em relação ao comércio internacional e aplicava tarifas de importação relativamente baixas. Já em relação aos países da América Latina, muitos deles também adotaram políticas protecionistas semelhantes às dos Estados Unidos. Durante o século XIX, vários países latino-americanos buscaram promover sua própria industrialização e proteger seus mercados internos da concorrência estrangeira. Isso levou a uma tendência geral de aplicação de tarifas de importação elevadas na região, visando favorecer a produção local. No entanto, é importante ressaltar que as políticas protecionistas nem sempre foram eficazes. Embora tenham proporcionado algum impulso inicial para o desenvolvimento industrial, elas também geraram custos econômicos, como preços mais altos para os consumidores e menor eficiência em termos de alocação de recursos. Além disso, essas políticas também podem levar a retaliações comerciais por parte de outros países, prejudicando as exportações e o comércio internacional como um todo.
Alguns exemplos notáveis incluem:
- Indústria têxtil: As tarifas protecionistas ajudaram a impulsionar a indústria têxtil nos Estados Unidos, protegendo-a da competição estrangeira. Empresas como a New England Cotton Manufacturing Company e a Lowell Mills puderam se desenvolver e expandir sua produção.
- Siderurgia: As tarifas protecionistas permitiram o crescimento da indústria siderúrgica nos Estados Unidos. Empresas como a Carnegie Steel Company, fundada por Andrew Carnegie, puderam se tornar líderes mundiais na produção de aço.
- Indústria de máquinas e equipamentos: Com as tarifas protecionistas, a indústria de máquinas e equipamentos nos Estados Unidos floresceu. Empresas como a Singer Manufacturing Company, que produzia máquinas de costura, e a McCormick Harvesting Machine Company, que fabricava máquinas agrícolas, se beneficiaram dessas políticas.
- Indústria automobilística: No final do século XIX, o setor automobilístico estava em seus estágios iniciais. As tarifas protecionistas ajudaram a proteger a indústria automobilística nascente nos Estados Unidos, permitindo o crescimento de empresas como a Ford Motor Company, fundada por Henry Ford.
- Indústria de calçados: As tarifas protecionistas também beneficiaram a indústria de calçados nos Estados Unidos. Empresas como a Brown Shoe Company e a Red Wing Shoes foram capazes de competir no mercado doméstico e se expandir com o apoio dessas políticas.
Abaixo estão alguns exemplos de anos em que ocorreram aumentos significativos e os valores médios das tarifas nesses períodos:
- Tarifa de 1816: Implementada como uma medida protecionista após a Guerra de 1812, essa tarifa estabeleceu uma média de cerca de 25% nas taxas de importação.
- Tarifa de 1828 (Tarifa Abominável): Essa tarifa, que aumentou substancialmente as taxas de importação, resultou em uma média de cerca de 45% nas tarifas.
- Tarifa de 1861 (Lei Morrill): Em resposta à Guerra Civil Americana, os Estados Unidos aumentaram ainda mais as tarifas de importação, estabelecendo uma média de aproximadamente 48%.
- Tarifa de 1890 (Tarifa McKinley): Com o objetivo de proteger a indústria doméstica, essa tarifa aumentou as taxas de importação e estabeleceu uma média de cerca de 49,5%.
O debate McKinley sobre tarifas nos Estados Unidos refere-se às discussões e controvérsias em torno da Tarifa McKinley, aprovada em 1890. Essa tarifa, oficialmente conhecida como Tarifa de 1890, foi proposta pelo congressista William McKinley, que posteriormente se tornou presidente dos Estados Unidos. A Tarifa McKinley foi uma das tarifas mais protecionistas da história dos Estados Unidos. Seu objetivo era proteger a indústria doméstica e aumentar as receitas do governo por meio da imposição de altas taxas sobre as importações. A tarifa estabeleceu uma média de cerca de 49,5% nas taxas de importação. O debate em torno da Tarifa McKinley foi intenso e polarizado. Os defensores da tarifa argumentavam que ela era necessária para proteger a indústria nacional e garantir empregos para os trabalhadores americanos. Eles alegavam que a concorrência estrangeira, especialmente dos países europeus, estava prejudicando a indústria doméstica e causando desemprego. Por outro lado, os opositores da tarifa argumentavam que ela prejudicava os consumidores americanos, tornando os produtos importados mais caros. Eles afirmavam que isso reduzia o poder de compra dos consumidores e também afetava negativamente as exportações, já que outros países retaliavam impondo tarifas sobre os produtos americanos.
O debate também envolvia questões políticas, uma vez que a tarifa era apoiada pelos republicanos, especialmente por influentes grupos de interesse empresarial e industrial, enquanto os democratas em sua maioria se opunham à tarifa. O impacto da Tarifa McKinley foi significativo. Embora tenha proporcionado proteção à indústria doméstica, a tarifa também gerou tensões comerciais com outros países e levou a retaliações comerciais. Além disso, o debate sobre a tarifa ajudou a moldar a política comercial dos Estados Unidos nas décadas seguintes, culminando na aprovação da Lei Underwood-Simmons em 1913, que reduziu significativamente as tarifas e inaugurou uma era de maior abertura comercial no país. Em resumo, o debate McKinley sobre tarifas nos Estados Unidos refletiu as divergências de opinião em relação ao protecionismo, com defensores argumentando a favor da proteção à indústria doméstica e oponentes levantando preocupações sobre os impactos econômicos adversos e as restrições ao comércio internacional. Ao longo do século XX, os Estados Unidos e muitos países da América Latina gradualmente reduziram suas barreiras comerciais e adotaram políticas mais abertas ao comércio internacional. Em resumo, o protecionismo dos Estados Unidos no século XIX foi uma estratégia adotada para proteger a indústria nacional e promover o desenvolvimento econômico interno. Os níveis de tarifas de importação nos EUA eram geralmente mais altos do que os encontrados no resto do mundo.