Nova política industrial e o boom na construção de fábricas nos EUA

Na década de 2020, os Estados Unidos começaram seu paradigma de política econômica para enfrentar a China. O antigo consenso “neoliberal”, que já havia sofrido golpes com o desastre de 2008, a chegada das mudanças climáticas e o colapso da força de trabalho manufatureira nos anos 2000, foi decisivamente derrotado pela percepção de que o “livre comércio” havia possibilitado o surgimento do mais formidável rival que os EUA já enfrentaram. O novo framework pode ser chamado de política industrial e sua primeira grande implementação ocorreu por meio do Ato  dos CHIPS (Ato de Subsidios para a Promoção da Inovação no Setor de Semicondutores) e do Ato de Redução da Inflação. Essas duas leis resultaram em um grande boom na construção de novas fábricas nos EUA:

A politica industrial americana segue alguns eixos principais. O primeiro objetivo da política industrial é a descarbonização. As mudanças climáticas representam uma grande ameaça, até mesmo uma ameaça existencial, para o nosso modo de vida. E temos apenas duas opções para detê-la: o empobrecimento global em massa do decrescimento ou a construção de uma série de energias renováveis para substituir a energia dos combustíveis fósseis. Descarbonizar a economia dos Estados Unidos exigirá uma quantidade absolutamente enorme de produção industrial. Grande parte dessa produção terá que ser doméstica. Mesmo que não sejam construidos todos os painéis solares em solo americano havera o trabalho de instalá-los; a maior parte da frota de veículos devera ser substituida por veículos elétricos. A economia básica da externalidade ambiental deve ser bem compreendida por todos; o livre mercado não eliminará as mudanças climáticas por si só, então o governo precisa interferir.

Segurança nacional: O IRA está voltado para a descarbonização, mas o Ato CHIPS trata de algo muito diferente: a segurança nacional. A Guerra da Ucrânia mostrou a importancia de dominar as cadeias produtivas de chips. Conforme detalhado neste excelente relatório do The Economist, a capacidade de atingir alvos com precisão – com drones, foguetes GMLRS, mísseis antinavio, projéteis Excalibur e assim por diante – tem sido um fator decisivo no campo de batalha. O que todas essas armas de precisão têm em comum é o uso de chips de computador para guiá-las até seus alvos. Em outras palavras, para produzir um monte de armas realmente boas, é necessário produzir um monte de chips de computador. Suponha que a China seja responsável pela produção da maioria dos chips de computador do mundo, e suponha que uma guerra irrompa entre os EUA e a China por causa de Taiwan, ou o Mar do Sul da China, etc. Você acredita que a China simplesmente continuaria a vender grandes volumes de chips de computador para os EUA fabricar as armas necessárias para vencer essa guerra? Não, não o faria. Portanto, preservar a capacidade de produzir chips de computador fora da China é crucial para a segurança nacional americana. Parte dessa produção pode e ocorrerá em países como Japão e Coreia. No entanto, a China pode ser capaz de interromper o transporte marítimo desses locais no caso de uma guerra, então faz sentido manter parte da produção nos EUA.

projetos aqui:

Inflation Reduction Act (IRA) and CHIPS and Science Act Investments | Jack Conness

refs:

The pushback against industrial policy has begun (noahpinion.blog)

https://www.wsj.com/articles/the-west-again-learns-that-war-needs-industry-33c8ca88

https://home.treasury.gov/news/featured-stories/unpacking-the-boom-in-us-construction-of-manufacturing-facilities

Deixe uma resposta