*Escrito com Rodrigo Medeiros, professor do IFES
Hoje para se desenvolver de fato as unidades federativas precisam repensar as suas políticas públicas de desenvolvimento regional. Essa é a realidade no Estado do Espírito Santo, que sofreu um dramático processo de empobrecimento a partir da última recessão econômica. O “Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2009”(https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/5991) do Banco Mundial, destaca-se no campo das reflexões globais sobre desenvolvimento regional, por se inspirar nas pesquisas da Nova Geografia Econômica. De acordo com o respectivo documento, é preciso estar atento para 3Ds quando se pensa em políticas regionais – densidade econômica, distância e divisão. Afinal, “dependendo da escala geográfica, as forças do mercado a serem dominadas ou apoiadas são diferentes”. Economias de aglomeração são inevitáveis em um mundo no qual os retornos crescentes de escala importam.
A dimensão da densidade é a mais importante no âmbito local, pois as distâncias costumam ser relativamente curtas e as divisões políticas e culturais são baixas. Compreender as economias de aglomerações é importante para se evitar efeitos indesejáveis (poluição e macrocefalia urbana, por exemplo). Conforme afirma o Banco Mundial, “o desenvolvimento não é uniforme nem linear – em nenhuma escala geográfica”. O processo de desenvolvimento faz com que a produção fique mais concentrada do ponto de vista geográfico e não há garantias de que as desigualdades regionais decresçam automaticamente com o tempo, não seguindo, portanto, a perspectiva teórica da curva em U invertido de Kuznets. O real desafio para os governos é buscar garantir o desenvolvimento social inclusivo e sustentável. Entre as interessantes recomendações do documento, consta a regra prática de um “I” para cada “D”. Infraestrutura, instituições e intervenção são elementos relevantes na articulação de políticas públicas de desenvolvimento regional, tendo em vista os 3Ds que devem ser levados em conta.
Como o Brasil e o Estado do Espírito Santo estão buscando se inserir na globalização a partir das suas redes de cidades? Estariam essas redes relativamente cristalizadas por conta de uma rigidez estrutural das bases produtivas? Desindustrialização precoce, insuficiência crônica de demanda e reprimarização da pauta exportadora brasileira trazem preocupações quanto ao desenvolvimento inclusivo e sustentável. Essas preocupações estão também presentes no Estado do Espírito Santo. Tendo em vista todas essas questões e a partir de uma iniciativa conjunta de vários pesquisadores se articulou em Vitoria o Observatório do Desenvolvimento Capixaba para debater novos caminhos para o Espírito Santo, levando em conta a complexidade dos aspectos regionais de inclusão social e sustentabilidade.

