A produtividade da economia brasileria aumentou muito ate 1980 e depois parou de subir! A história recente da economia brasileira se caracteriza por dois longos e grandes ciclos de crescimento econômico. A fase de Getulio, que vai de 1930 a 1950 e a fase de JK e dos militares, que engloba o período 1955-1980. O gráfico acima destaca esses dois ciclos longos e aponta para o que poderá ser nosso terceiro grande ciclo de prosperidade. A primeira grande arrancada brasileira vai da depressão de 1929 até o final do plano de metas de JK. Graças à forte desvalorização cambial e a mudança do eixo dinâmico do país da agricultura para a indústria, o Brasil foi um dos primeiros a sair da recessão causada pela crise de 1929. As políticas getulistas somadas ao plano de metas criaram o maior período de crescimento da história do país, quase 30 anos. A Petrobras, CSN, BNDES e tantos outros marcos do Brasil foram criados nessa fase. O plano de metas de JK lançou as bases de infra-estrutura rodoviária, ferroviária e energética que usamos até hoje. A construção de Brasília iniciou a integração da região central do país com a arco litorâneo das cidades da época colonial. A exploração do planalto central e hoje nossa agricultura de ponta no centro-oeste se devem a esses passos ousados dados nessa época. É claro que foi um período de excessos, com endividamento público, emissão monetária inflacionária e desequilíbrios internos e externos. A crise do início dos anos 60 foi em parte fruto dessa ousadia, um ajustamento necessário que durou quase meia década.
A partir de 1968 o país reencontra a rota do crescimento que vai até 1980. As importantes reformas institucionais da década de 60 (modernização da lei trabalhista, reforma do sistema financeiro, criação da correção monetária, do SFH, etc…) lançam as bases para o crescimento do país nas próximas décadas. A competente gestão do jovem ministro Delfim Neto na economia resulta em taxas recordes de crescimento no período do milagre (1968-1973). Recordes na desigualdade social também. As exportações crescem a um ritmo explosivo, o crédito se amplia fortemente, as manufaturas brasileiras começam a conquistar mercados no mundo. Após o primeiro choque do petróleo os militares lançam o segundo PND, que logra ainda produzir crescimento num período de instabilidade. Itaipu, rodovia dos Bandeirantes, pólos petroquímicos, obras todas dessa época. Os desequilíbrios causados pelo II PND foram ainda maiores do que na era pós-JK. Grande parte dos investimentos foi apoiada em estatais com dívida externa. Pagamos a conta nos anos 80. O segundo choque do petróleo e o aumento de juros da era Volcker deixaram o Brasil de joelhos. Passamos toda a década de 80 pagando os custos desse ajustamento. Nosso processo de transição política foi complexo e acompanhado de um longuíssimo período de instabilidade econômica. Inflação alta, pacotes, congelamentos, estado falido, dívida externa fora do controle… o Brasil dos anos 80.
ps: o eixo y do gráfico são números índices; mostram que o aumento da renda per capita pós 1980 se deveu a maior participação das pessoas na força de trabalho e não na produtividade das mesmas
trabalho sobre o tema:
Oi, Paulo! Eu comprei seu livro pagando boleto. Deu certo o pagamento. Chegou a confirmação pra você? Obrigada.
Obrigado prezada! Quem administra isso é o site benfeitora. Eles devem ter enviado um e-mail pra vc. O livro já foi para a gráfica, deve ficar pronto logo!
Fiquei curioso porque isso contradiz o mantra de que o fechamento do Brasil no período de substituição de importações teria deixa o país para trás em relação aos países que se tornaram desenvolvidos mais tardiamente, como Japão (um pouco antes) e Coreia do Sul. A parte a abertura ter sido feita de forma abrupta, isso não passa pela mentalidade do empreendedor brasileiro também? Fico pensando no período da I República – ignorando aqui o fato de ser agroexportador – e maneira que a elite cafeeira achou de “competir” externamente (na verdade, evitando a competição). Sem uma hiper proteção o empresariado brasileiro, o capitalista, seja do café outrora, seja da indústria não anda.
Caro, discuto isso em detalhes nesse meu curso Online aqui: https://www.paulogala.com.br/curso-para-entender-de-maneira-simples-porque-o-brasil-nao-deu-certo-ascensao-e-queda-da-complexidade-produtiva/
Nessa aula aberta aqui discuto isso: https://www.paulogala.com.br/chutando-escada-para-entender-como-os-paises-ricos-ficaram-ricos/
Esse “mantra” é colocado pela doutrina neo-liberal que está em conformidade com as necessidades das principais potencias industriais do planeta em expandir seus mercado e evitar a ociosidade de sua produção.
O que você assume como produtividade?
valor adicionado/ numero de ocupados
E o aumento de produtividade recente nos governos Lula 1 e 3? Ela me parece grande e relevante. Estudos mostram que é causada pelo aumento de produtividade no campo através de pesquisas realizadas pela Esalq :https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2016/12/1841866-as-amarras-para-o-crescimento-da-economia-brasileira.shtml descorrelacionado com a indústria.
O antigo Brasil “errado” estava certo…Sabendo que também era o país mais desigual do planeta, fica a pergunta: estava certo para quem?
É interessante que toda a doutrina liberal se usa de artifícios linguísticos que às vezes me parecem mais cronistas que economistas (desculpe a falta de respeito, mas o incômodo é sincero). “Peso morto”, “eficiência econômica”, “ótimo de Pareto”, “tragédia dos comuns” e tantos outros termos que trazem uma ideia acoplada e causam um pré-julgamento. Só comparar com a matemática, por exemplo: qual ideia pré-concebida traz a expressão “bhaskara” ou “teorema de pitágoras”? Nenhuma, além de carregar o nome de quem formulou tal teoria.
Agora estamos vendo mais um artigo falando sobre crescimento econômico sem contar para ninguém que, na realidade, se trata de ricos ficando mais ricos e pobres ficando mais pobres.