A ideia de “Estado Empreendedor” é um conceito desenvolvido pela economista Mariana Mazzucato em seu livro “O Estado Empreendedor: Desmascarando os Mitos do Setor Público” (2013). Mazzucato argumenta que o Estado tem um papel crucial no desenvolvimento econômico, que vai além da mera regulação e intervenção corretiva. Segundo Mazzucato, o Estado Empreendedor é aquele que desempenha um papel ativo na criação e no desenvolvimento de mercados e setores econômicos inovadores. Em vez de apenas fornecer suporte passivo, como financiamento e infraestrutura básica, o Estado Empreendedor assume riscos e faz investimentos estratégicos em áreas-chave da economia.
A autora argumenta que muitas das tecnologias e indústrias inovadoras que transformaram a sociedade e impulsionaram o crescimento econômico surgiram de pesquisas financiadas pelo governo. Ela destaca exemplos como a internet, a nanotecnologia e a indústria farmacêutica. Portanto, Mazzucato sustenta que o Estado deve ter um papel ativo na geração de conhecimento e inovação, em vez de deixar exclusivamente nas mãos do setor privado. Além disso, a autora defende que o Estado Empreendedor não deve apenas assumir os riscos iniciais, mas também reivindicar os retornos quando esses investimentos têm sucesso. Em vez de privatizar os lucros resultantes das inovações financiadas pelo Estado, Mazzucato argumenta que é justo que o Estado compartilhe os benefícios econômicos em prol da sociedade como um todo. O conceito de Estado Empreendedor proposto por Mariana Mazzucato tem sido objeto de debates e discussões sobre o papel do governo na economia e o equilíbrio entre o setor público e o setor privado. Críticos argumentam que o Estado pode ser ineficiente e excessivamente burocrático, mas Mazzucato enfatiza a importância de um Estado forte e estratégico para o desenvolvimento econômico e a criação de um futuro sustentável.
Mariana Mazzucato cita diversos exemplos de tecnologias que foram desenvolvidas com o auxílio de investimentos do Estado. Alguns desses exemplos incluem:
- Internet: A pesquisa e o desenvolvimento da internet tiveram origem em projetos financiados pelo governo dos Estados Unidos. O governo investiu em pesquisa fundamental e na construção de infraestrutura, como a criação da rede ARPANET, que deu origem à internet que conhecemos hoje.
- Tecnologia touchscreen: O desenvolvimento da tecnologia touchscreen, amplamente utilizada em smartphones e tablets, teve contribuições significativas de investimentos públicos. Empresas como a Bell Labs, subsidiária da AT&T, receberam financiamento governamental para pesquisar e desenvolver essa tecnologia.
- GPS (Global Positioning System): O sistema de posicionamento global GPS foi desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos e teve um papel fundamental em várias áreas, desde navegação até aplicações militares.
- Indústria farmacêutica: Mazzucato argumenta que muitos medicamentos e avanços na área da saúde surgiram de pesquisas financiadas pelo governo. Um exemplo citado é o desenvolvimento da droga AZT, utilizada no tratamento da AIDS, que foi parcialmente financiada pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos.
- Energia renovável: O avanço das tecnologias de energia renovável, como a energia solar e eólica, também teve participação significativa do Estado. Investimentos governamentais em pesquisa e desenvolvimento, bem como incentivos e subsídios, foram fundamentais para impulsionar essas tecnologias e promover sua adoção em larga escala.
Esses são apenas alguns exemplos mencionados por Mazzucato para ilustrar como o investimento estatal desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento de tecnologias inovadoras. A autora argumenta que esses casos contradizem a ideia de que apenas o setor privado é responsável pela inovação e que o Estado tem um papel essencial como investidor e promotor do progresso tecnológico.