*escrito por Felipe Augusto
Então, parece que um determinado país resolveu construir seu primeiro trem-bala.
Ele ligaria duas das mais ricas cidades do país em 2h40min, ao custo de R$ 60bi, e ficaria pronto até 2020. Como o terreno é bastante acidentado, engenheiros propuseram uma rota que seria a mais fácil e viável financeiramente. Mas políticos queriam que o trem-bala passasse por regiões mais afastadas onde moravam alguns de seus eleitores. Um dos empreiteiros é membro do Conselho da Agência que supervisiona a construção do Trem-Bala. Segundo relatos, em troca do seu voto a favor da nova rota, conseguiu a concessão de um terreno no litoral para um enorme projeto residencial e comercial. Empresários influentes de uma conhecida localidade tampouco queriam ficar para trás. Fizeram lobby para que o trem-bala passasse por lá, mesmo que isso significasse mais 230 km de túneis extremamente caros.
Decidiram começar a construção não a partir das duas cidades ricas, mas no meio do caminho, em um vale perto das regiões afastadas. Justificativas: o vale precisava de empregos; o terreno não era tão desafiador; poderiam testar os equipamentos. Mas a necessidade de terrenos para a construção era imensa. Latifundiários influentes entraram na justiça contra a desapropriação. Contratos foram iniciados com empreiteiros sem que houvesse terreno onde os trilhos pudessem ser construídos. A nova data estimada para a conclusão da obra passou a ser 2030, dez anos de atraso, mas poucos acreditam que será finalizada. No ritmo atual, levará mais de um século. O superfaturamento já está em 242%. O que foi construído nas regiões afastadas leva nada ao lugar nenhum.
Uma construtora estatal estrangeira desistiu do projeto, e saiu dizendo que preferia ir para o norte da África, onde a política era menos disfuncional. De fato, foram para o Marrocos. O trem-bala marroquino já está em operação. Esse não era mais um conto sobre as mazelas de países pobres. É sobre os EUA, o país mais poderoso do mundo, no Estado mais rico do país. História difícil para os vira-latistas que acham que corrupção e incompetência são privilégios nossos.