*escrito com Uallace Moreira
Enquanto no Brasil presenciamos o BNDES ter uma atuação prócíclica, com quedas contínuas no volume de desembolso, como podemos ver no gráfico a seguir, a Coreia apresenta uma forte expansão do crédito para as empresas no país. No caso da Coreia, com o New Deal, o governo tem promovido uma expansão substancial do crédito para as empresas, estimulando a criação de empregos, elevando investimento e dinamiza mercado interno. O gráfico mostra como o volume de crédito vem aumentando desde janeiro, principalmente com o Korea Development Bank (KDB) sendo um protagonista essencial. O expansionismo do crédito para as empresas é resultado da parceria entre governo e empresas coreanas para superar a crise. Por exemplo, o governo recentemente anunciou uma política de assistência financeira a setores industriais, com um pacote financeiro de 5 trilhões de won (US$ 4.12 bilhões) para empresas subcontratadas por indústrias consideradas chaves na economia. Com mais esse pacote, a Coreia do Sul já somava um valor de 175 trilhões de won (US$ 145 bilhões de dólares, aproximadamente) para injetar liquidez no mercado, com a finalidade de combater os impactos do covid sobre a economia.
Outro exemplo do uso estratégico dos empréstimos foi com a crise na Empresa Automobilística SsangYong Motor. O governo anunciou uma política de subsídios e uma possível fusão da empresa. A Mahindra & Mahindra, a montadora indiana que possui uma participação de 75% na SsangYong Motor, sugeriu abrir mão do controle da montadora sul-coreana em dificuldades, em meio às perdas financeiras com o COVID-19. Talvez a política de subsídio do governo coreano possa ser utilizada para ajudar a SsangYong Motor. o Banco de Desenvolvimento da Coreia já tinha anunciado naquele momento 40 trilhões de won em subsídios para a indústria automobilística enfrentar a crise. Se de fato houver a venda da empresa, dado uma das últimas situações como essa de quebra de empresas do setor automobilístico, como o caso da Kia em 1997, acredito que a Hyundai seja um potencial comprador, ampliando mais ainda seu poder de mercado no país. Apenas para lembrar, em 1997, quando a Kia quebrou com a crise no mercado asiático atingindo fortemente a Coreia, o governo coreano promover uma fusão da Kia, criando cláusulas que só a Hyundai teria condições de comprar a Kia. Com a compra da Kia, a Hyundai passou a ter uma participação na indústria automobilística do país de 75%, aproximadamente.
Outra estratégia de parceria entre governo e empresas coreanas, foi o suporte financeiro do governo para inserção externa das empresas coreanas. Fundos de 3,7 trilhões de won (US$ 3,07 bilhões) para ajudar as empresas locais a ganhar mercados internacionais. O governo também tem direcionado recursos para criar mais empregos no setor privado. Para ajudar a economia coreana a se recuperar em ritmo mais acelerado, o governo incentivará as empresas privadas a investir 5,8 trilhões de won neste ano. Outro exemplo de parceria entre Estado e Chaebols (empresas) no New Deal na Coreia, com suporte de financiamento, foi a aliança entre a Hyundai Motor Group e a empresa de serviços de portal Naver, que desempenharão papéis de liderança no New Deal, em setores de inovação. No anúncio do New Deal pelo Presindente Moon, os líderes da Hyundai e da Naver deixaram claro que introduziram suas tecnologias atuais nos negócios de economia digital e mobilidade ecológica, comprometendo-se a contribuir para os esforços de revitalização econômica do país. Os pontos centrais deste plano são os veículos elétricos (VEs) e os veículos elétricos de células a combustível de hidrogênio (VECCHs). O governo disse que planeja ter 1,13 milhão de VEs comerciais e de passageiros até 2025, além de melhorar a infraestrutura de VEs do país. Além disso, o governo procura aumentar o número de VECCH para 200.000.
A Hyundai Motor já está fazendo esforços para expandir os EVs e VECCHs. Desde maio, o vice-presidente da Samsung Electronics, Lee Jae-yong, o presidente do Grupo LG, Koo Kwang-mo, e o presidente do Grupo SK, Chey Tae-won, se articularam para parcerias de tecnologias para fabricar baterias de EV avançadas. Han Seong-sook, CEO da Naver, disse que a capacidade de processamento e análise de dados da empresa desempenhou um papel fundamental para os proprietários de pequenas empresas expandirem sua cobertura, e seus data centers serão o “cérebro” para o desenvolvimento de tecnologia robótica. De acordo com Han: “A Naver abrirá os dados analisados por sua tecnologia de inteligência artificial (AI) ao público por meio da computação em nuvem. E esperamos que os pesquisadores de AI e outras indústrias usem livremente os dados e estimulem a Quarta Revolução Industrial na Coreia do Sul”.
Esse conjunto de medidas implementadas pelo governo da Coreia do Sul, está associado a uma estratégia história de aliança entre Chaebols e Governo, com a finalidade de promover o desenvolvimento econômico do país. Com a crise recente do Covid-19, o Presidente Moon lançou o que se convencionou chamar de “New Deal Coreano”, um amplo programa de investimento de 160 trilhões de won (US$ 132,67 bilhões de dólares) e criar 1,9 milhão de empregos nos próximos cinco anos. O pacote New Deal consiste principalmente em dois pilares – Digital New Deal e Green New Deal. Aliados com projetos para reforçar as redes de segurança social, de acordo com o Presidente Moon.
Fontes:
https://twitter.com/moreira_uallace/status/1283845632738955265
https://twitter.com/moreira_uallace/status/1292156549117423617
http://www.koreaherald.com/view.php?ud=20200619000561
http://www.koreaherald.com/view.php?ud=20200614000171