Onde estão nossas vantagens comparativas? (Soja, mate e cana de açúcar)

*escrito com Felipe Augusto

Para saber quais sao nossas vantagens comparativas hoje e’ importante levar em consideração o tamanho do volume de exportações dos países e o do comércio mundial de diversos produtos. Isso ocorre porque esperamos que o volume de exportações de um país grande como a China para qualquer produto seja maior que do que o volume de exportações de um país pequeno como o Uruguai. Para calcular a vantagem comparativa revelada dos diversos em paises e varios produtos podemos usar a definição de Bela Balassa de Vantagem Comparativa Revelada ou VCR. A definição de Balassa diz que um país revelou vantagem comparativa em um produto se exportar mais do que sua parcela “justa”, ou seja, uma parcela que é pelo menos igual à parcela do comércio mundial total que o produto representa. Por exemplo, em 2008, com exportações de US $ 42 bilhões, a soja representou 0,35% do comércio mundial. Desse total, o Brasil exportou quase US $ 11 bilhões e, como as exportações totais do Brasil naquele ano foram de US $ 140 bilhões, a soja representou 7,8% das exportações brasileiras. Isso representa cerca de 22 vezes o “quinhão justo” das exportações de soja do Brasil (7,8% dividido por 0,35%), portanto, podemos dizer que o Brasil revelou vantagem comparativa na soja. (ver https://oec.world/pt/resources/methodology/ )

O produto mais complexo e sofisticado em que temos competitividade (medida como VCR maior do que 1) é o 89º no ranking (celulose e seus derivados químicos). No total da lista foram 191 produtos (de um total de 1232), em que o Brasil apresentou VCR acima de 1; ou seja, que temos vanatgem comparativa revelada e que, portanto, somos realmente competitivos. Destes, apenas 5 produtos fazem parte dos 10% mais complexos e sofistcados do mundo:

top 5 produtos mais complexos que Brasil tem alto VCR
1)celulose e quimicos derivados (HS3912)
2)compostos de “nitrile” (HS2926)
3)Epoxides, epoxyalcohols, epoxyphenols (HS2910)
4) Machine-tools; (including presses) for working metal by forging, hammering or die-stamping, for bending, folding, straightening, flattening, shearing or punching metal (8462)
5) Bodies; (including cabs) for the motor vehicles (HS8707)

Os cinco produtos mais importantes e competitivos da pauta de exportacao brasileira sao esses:

1) HS4206, VCR 37,98 Articles of gut (other than silk-worm gut), of goldbeater’s skin, of bladders or of tendons

2) HS0903, VCR 33,29, Mate

3) HS1201, VCR 33,09, Soya beans, whether or not broken

4) HS1701, VCR 28,53, Cane or beet sugar and chemically pure sucrose, in solid form

5) HS8307, VC 23,91, Tubing; flexible, with or without fittings, of base metal

*contas de Felipe Augusto,

produtos aqui: https://www.foreign-trade.com/reference/hscode.htm

O gráfico a seguir mostra a “competitividade internacional” do Brasil (medida pela Vantagem Comparativa Revelada – VCR) por produtos, ordenados conforme a posição de cada um no ranking de complexidade de 2017. Nota-se que o número de produtos em que somos competitivos (e a intensidade da competitividade) é maior quanto mais simples forem os produtos (posição pior). O VCR médio do Brasil para os 100 produtos mais complexos foi de 0,24. O dos 100 produtos mais simples foi de 2,57. Os produtos em que o Brasil apresentou maior competitividade foram, na ordem, obras de tripas (sim, TRIPAS), mate, soja, açúcar de cana ou beterraba e tubos flexíveis de metais comuns. Com exceção deste último, os demais estavam entre os 20% mais simples.

Dos 1.232 produtos, em apenas 191 o Brasil apresentava competitividade internacional. Destes 191, apenas 5 estavam entre os 10% mais complexos: celulose e derivados químicos (89ª); compostos de função nitrila (94ª); epóxidos, epoxiálcoois, epoxifenóis e epoxiéteres (96ª); máquinas-ferramentas (102ª); e carroçarias para veículos automóveis (122ª). Por outro lado, 31 produtos faziam parte dos 10% mais simples: 11 do reino vegetal, 8 minerais, 4 alimentícios, 2 têxteis, 2 gorduras e óleos, 2 químicos (óleos essenciais e extratos tanantes), 1 de pedras preciosas e 1 do reino animal.

Nem tudo é má notícia: Dos 1.232 produtos, o Brasil não exportou apenas 35 (2,8%). Ou seja, há indícios de que o Brasil possui algum grau de conhecimento produtivo para fabricar a maior parte dos bens existentes. Agora precisamos desenvolver o aprendizado nos complexos

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