Os carros elétricos resolverão nossos problemas ambientais?

*Lucas Soares

A demanda pelas principais matérias primas para a fabricação de baterias vem naturalmente aumentado quanto mais a sociedade faz uso de dispositivos eletrônicos portáteis e do novo “santo graal” da preservação ambiental, o carro elétrico. Nos últimos anos viu-se um aumento vertiginoso na demanda principalmente por lítio e cobalto conforme gráficos abaixo, o que afetou significativamente os preços desta commodities. artigo publicado em 2018 nos mostra a evolução estrondosa da demanda por lítio por tipo de aplicação, tendo as baterias competido com artigos utilizados na metalurgia, cerâmicas, polímeros e até medicina. Há quem diga que, se a ciência e a tecnologia não chegarem a outra solução para o armazenamento de energia em artigos do dia a dia, a humanidade terá que racionar a utilização do lítio e, principalmente, do cobalto para aplicações mais nobres, como baterias em satélites e o setor médico. O carro elétrico com a tecnologia de baterias atual, que já não é um produto novo no mercado remontando décadas passadas pode não ser atualmente uma solução ambientalmente viável para o mundo.

Uma solução sustentável precisa cumprir o tripé da sustentabilidade para ser considerada como tal, ou seja, ela tem que carregar em si as responsabilidades ambientais, econômicas e sociais. Esta definição é oriunda do relatório Brutland, que foi elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987. Antes do corona vírus, o assunto do momento era este e a personalidade de destaque na imprensa internacional era a jovem ativista Greta Thunberg. Nesta mesma época foi ventilado na mídia brasileira a possibilidade da empresa Tesla, fabricante de carros elétricos e que tem como presidente Elon Musk, vir se instalar no Brasil, que tem como vizinho a Bolívia cujas enormes reservas de lítio e tem sido objeto de interesse de seu governo. Inclusive áreas de research famosas no mercado financeiro já fizeram projeções nada animadoras caso a humanidade continue a consumir lítio e cobalto no ritmo de expansão acelerado da adoção dos carros elétricos. Segundo o relatório Bloomberg NEF, a previsão da relação reserva/produção de lítio em 2030 seria de apenas 16 anos, enquanto de cobalto seria de apenas 5 anos nestes cenários. Nos gráficos até 2017 já podemos observar a forte tendência de baixa da relação reserva/produção desta duas commodities.

Fonte: Kavanagh, L.; Keohane, J.; Garcia Cabellos, G.; Lloyd, A.; Cleary, J. Global Lithium Sources—Industrial Use and Future in the Electric Vehicle Industry: A Review. Resources 2018, 7, 57.

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