Os produtos do desenvolvimento econômico

A chave para se entender os modelos e ideias da CEPAL e estruturalistas em geral está em perceber que a desagregação por produtos é tarefa fundamental do ponto de visita analítico; não é possível entender o desenvolvimento econômico sem se estudar as especificidades tecnológicas e produtivas de cada tipo ou categoria de bem. Para os cepalinos e estruturalistas, o desenvolvimento econômico nada mais é do que a sofisticação produtiva, partindo-se de produtos simples e chegando-se em produtos sofisticados e complexos. Para esses clássicos do desenvolvimento, o aumento de produtividade viria justamente da subida da escada tecnológica, migrando de atividades de baixa qualidade para as atividades de alta qualidade, rumo à sofisticação tecnológica da economia. Para isso a construção de um sistema industrial complexo e diversificado é fundamental, sujeito a retornos crescentes de escala, altas sinergias e linkages entre atividades. A especialização em agricultura e extrativismos não permitiria esse tipo de evolução tecnológica. Como medir empiricamente essas proposições dos economistas clássicos do desenvolvimento? O gráfico acima retirado desse paper de Jesus Felipe faz exatamente isso. No eixo X temos o PIB per capita médio dos países que produzem cada um dos 5107 produtos plotados no gráfico; no eixo y a complexidade de cada um dos produtos seguindo a metodologia de Hausmann e Hidalgo (2011). o gráfico abaixo agrupa esses produtos em 34 comunidades e 4 categorias (ver Rosvall, M. and Bergstrom, C. (2008)). Países ricos fazem produtos complexos, países pobres fazem produtos não complexos.

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Referencias

Hausmann, R.; Hidalgo, C.A.; Bustos, S.; Coscia, M.; Chung, S.; Jimenez, J.; Simões, A.; Yildirim, M. A. (2011) The Atlas of Economics Complexity – Mapping Paths to prosperity. Puritan Press

Hidalgo, C. (2015) Why information grows: the evolution of order, from Atoms to Economies, ed. Basic Books, NY

Hartmann, D., Guevara, M.R., Jara-Figueroa, C., Aristarán, M. Hidalgo, C.(2015), “Linking economic complexity, institutions and income inequality”, arXiv:1505.07907 [q-fin.EC]

Hidalgo, C; Hausmann, R. (2011) “The network structure of economic output”, Journal of Economic Growth, 16(4), pp. 309-42

Hidalgo, C. A., Klinger, B, Barabasi, A., L., and Hausmann, R., (2007) “The product space conditions the development of nations”, Science 27 july: 317 (5837), 482-487. Doi:10.1126/science.1144581

Rosvall, M. and Bergstrom, C. (2008) “Maps of random walks on complex networks reveal community structure,” Proceedings of the National Academy of Sciences 105, 1118

1 thought on “Os produtos do desenvolvimento econômico”

  1. Aquele artigo do Luís Fernando Azevedo Lopes, do livro “A Instituição de Poupança Pública”, que reverte a lógica de maximização da firma neo-clássica, ajuda a defender o argumento dos efeitos do sub-emprego sobre os níveis salariais na periferia.

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