Volta a preocupação em relação à capacidade do governo de cumprir a meta fiscal zero para o próximo ano. Poucas pessoas realmente acreditavam que alcançaríamos um resultado fiscal zero no próximo ano; é mais provável que tenhamos um déficit de cerca de meio por cento do PIB, o que equivale a algo próxima de cinquenta bilhões de reais. Isso é razoável, considerando o histórico recente: nos últimos seis ou sete anos o Brasil tem trabalhado com um déficit médio de cerca de cem bilhões de reais, com exceção do ano passado, quando tivemos um superávit considerável. O governo não está abandonando o controle fiscal ou seu arcabouço fiscal, mas está enfrentando um momento de estresse. Essa preocupação deve diminuir nos próximos dias. Como resultado, o dólar ganhou força, chegando a cinco reais e quatro centavos, e os juros de longo prazo subiram. A aversão a risco no Brasil se desvinculou dos Estados Unidos, onde as bolsas estavam em leve alta, bem como de outros mercados emergentes. Ontem, o governo anunciou dois nomes excelentes para a diretoria do Banco Central: o professor Paulo Picchetti, que é um especialista em inflação com vasta experiência, e Rodrigo Teixeira, um funcionário de carreira do Banco Central com grande experiência no setor público. Ambos são quadros técnicos, o que é importante para a composição da diretoria do Banco Central. No cenário internacional, houve algumas notícias relevantes. No Japão, não houve flexibilização da política de administração das taxas de juros, o que surpreendeu o mercado; o país continua com taxas de juros longas muito baixas, descoladas das taxas europeias e americanas. Na China, houve notícias de um PMI mais fraco, indicando uma contração na atividade industrial que mostra uma economia mais fraca. O PIB da zona do euro mostrou uma queda de 0,1% no terceiro trimestre, resultado da política de alta de juros do BCE. Comparando com os Estados Unidos, onde o PIB cresceu 4,9% no terceiro trimestre, vemos uma divergência notável nas trajetórias das duas regiões. Isso pode ser explicado em grande parte pela política fiscal; os Estados Unidos estão adotando uma política fiscal agressiva, com déficits significativos e uma dívida pública em crescimento, enquanto a zona do euro segue um caminho oposto. Além disso, a zona do euro teve notícias positivas sobre a inflação, com o índice de preços ao consumidor em 2,9%, abaixo do esperado. Isso é um sinal importante de desaceleração da inflação e está alinhado com a desaceleração econômica resultante da política de alta de juros. No Brasil, os dados de emprego são positivos, com uma taxa de desemprego de 7,7%, a menor desde 2013. Além disso, o CAGED mostrou a criação de212 mil vagas formais em setembro, somando um total de 1,6 milhões de vagas formais criadas no ano. Isso indica um mercado de trabalho robusto no Brasil. Agora, o foco se volta para a “super quarta”, com as decisões do Banco Central Brasileiro e do Federal Reserve dos Estados Unidos (FED) programadas para amanhã. É esperado que o Banco Central Brasileiro reduza a taxa Selic em mais meio ponto percentual, trazendo-a para 12,25%. Por outro lado, o FED deve manter as taxas de juros inalteradas.
