*escrito com Marina Liuzzi
O Leão come carne! Isso é normal. Não adianta pedir pra ele comer alface! Em geral as multinacionais protegem seu core tecnológico e muitas vezes drenam tecnologia quando alguma empresa emergente desponta; compram, absorvem a tecnologia e mandam para a matriz. Foi o caso recente do Embraer KC-390 comprado pela Boeing e infinitas empresas brasileiras nascentes! Já não tá fácil competir! Quando alguma empresa consegue é abocanhada! Utilizando a tipologia empregada por Alice Amsden em seu livro A Ascensão do Resto, os grandes paises emergentes podem ser divididos em duas subcategorias: os independentes e os integracionistas (Amsden, 2009). O primeiro, composto por países como Coreia do Sul, China, Índia e Taiwan, teriam confiado minimamente nos investimentos estrangeiros e buscaram investir e desenvolver tecnologias próprias. Já o segundo, que conta com Brasil, Argentina, Chile, México e Turquia como integrantes, teria confiado muito no investimento externo, no efeito transbordamento de empresas estrangeiras e contou com a compra de tecnologia estrangeira. A historia mostra que a estrategia do segundo grupo falhou enquanto que a do primeiro grupo prosperou!
A lógica de produção de uma multinacional é obter lucro, como a de qualquer outra empresa. O que fazem as multinacionais ao redor do mundo? Constroem suas bases produtivas perto dos mercados consumidores e em bases exportadoras com mão de obra barata; uma lógica econômica quase pura. Os centros de pesquisa e desenvolvimento de produtos, marcas, conteúdo tecnológico, etc… (centros de inovação) ficam em geral nas bases principais dessas empresas, na matriz em países ricos. Nesses locais estão os melhores cérebros, as melhores capacidades produtivas e o grosso do capital humano/ patentes/conhecimento acumulado por essas empresas (o centro nervoso). A parte produtiva high tech/serviços fica nos países ricos. Por que as bases produtivas em outros países? Por conta dos custos de transporte para alcançar mais mercados ou de mão de obra super barata para construir bases de exportação. A parte “nobre” da rede produtiva e de inovação fica sempre no país mãe, em geral por questões meramente econômicas mesmo. Uma base instalada de multinacionais num país emergente leva ao desenvolvimento econômico (a riqueza de uma nação). Tá aí o Brasil, América Latina, Africa e Ásia pobre para mostrar isso! O grosso do capital humano mundial está acumulado nos países ricos. Serviços e produtos high tech são concebidos e produzidos nessas bases. TECLA SAP: as multinacionais não produzem o “filet mignon” em países mais pobres! Onde se aglomeram os melhores cérebros de uma empresa? O core tecnológico sempre fica no país mãe!
capacidades produtivas de um país são “non tradable” ou seja o tecido/ rede produtiva é sempre local e isso condiciona a produtividade/riqueza do país. As multinacionais nunca transferem o core tecnológico de fato para outros países. As subsidiarias multinacionais são espécie de “feitoria” pra explorar o mercado interno de Países emergentes. Aqui uma reflexão sobre a zona franca de Manaus e a zona de exportação de Shenzen na China:
Manaus e Shenzen: duas estratégias distintas para o desenvolvimento econômico (maquila introvertida e base de exportação de manufaturas)
multinacional produz no Brasil pois: custos locais de produção (economia de escala+salário+aluguel)<(custo de produção fora+salário/aluguel fora+custo de transporte+economia de escala ), tudo isso para um dado câmbio. Só isso. De resto os lucros e tecnologia sempre voltam a base.
Resta a pesquisa para comprovar a tese que concordo que seja verdadeira.
Os sistemas deveriam ter como meta a autossuficiência acompanhando o crescimento natural da população. Com a invenção do dinheiro, associada ao “financeirismo”, a meta passou a ser fazer o dinheiro engordar através do seu giro acelerado e da maximização do resultado. Nessas condições, tudo que não favoreça o aumento do ganho financeiro passa a ser considerado como desnecessário, inclusive a preservação da sustentabilidade, pondo de lado o humanismo no relacionamento entre as pessoas, adotando o mecanicismo como se fossem máquinas sem alma. Temos de combater a tendência de precarização geral e, com humanismo, estabelecer cenários mais condizentes com a nossa espécie.