A retomada da aversão ao risco devido às tensões no Oriente Médio, com o Irã ameaçando impor um embargo ao petróleo de Israel, exerceu forte pressão sobre os preços de petróleo na manhã de hoje. O preço do barril Brent subiu para 93 dólares, registrando um aumento de 3%. Além disso, ontem, nos Estados Unidos, foram divulgados dados surpreendentemente positivos sobre a produção industrial e as vendas no varejo. Esses fatores influenciaram o aumento das taxas de juros de longo prazo, com as taxas de 10 anos atingindo 4,83% e as bolsas sofrendo uma leve queda nos Estados Unidos e no Brasil. Os dirigentes do Fed têm sinalizado a possibilidade de interromper o aumento das taxas de juros e isso também traz um certo alívio ao cenário. Os diretores do FED argumentam que o aumento das taxas de juros de longo prazo pode, por si só, compensar a necessidade de elevar as taxas de curto prazo, evitando assim um aumento adicional das taxas pelo Fed. Se a tensão externa persistir o Fed poderá até reverter o movimento de redução de seu balanço, adquirindo títulos de longo prazo para conter o aumento das taxas de juros de longo prazo. É importante destacar que existe um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de títulos de longo prazo nos Estados Unidos, devido à redução da demanda por parte dos asiáticos e à interrupção das compras pelo Fed, bem como ao grande déficit fiscal do governo dos EUA, que coloca mais títulos no mercado. Esses fatores contribuem para o aumento das taxas de juros de longo prazo. Portanto, além das tensões no Oriente Médio, também é preciso acompanhar de perto a situação nos Estados Unidos, onde a economia ainda está aquecida, como indicado pelos sólidos dados de produção industrial e vendas no varejo. Um boa notícia de momento foi o crescimento do PIB da China de 4,9% no terceiro trimestre, superando as estimativas de 4,5%. A produção industrial chinesa também subiu, assim como as vendas no varejo, sugerindo um sólido desempenho econômico chinês, apesar dos desafios enfrentados pelo setor imobiliário. No Brasil as notícias da manhã foram menos favoráveis, com uma queda nas vendas no varejo em agosto, embora menos acentuada do que o esperado. Isso contribui para um cenário econômico mais desafiador no terceiro trimestre, com um crescimento mais lento, principalmente devido à elevada taxa Selic, que impacta negativamente o mercado interno e o consumo. O crescimento brasileiro nos trimestres anteriores foi impulsionado pelo setor de commodities, petróleo e agronegócio, em vez de um aumento significativo no consumo interno, no varejo ou nos serviços. Hoje, os mercados estão mais voláteis, com as taxas de dez anos atingindo 4,84%, devido às notícias sobre um possível embargo de petróleo contra Israel, que estão sob escrutínio do presidente Joe Biden durante sua visita a Israel. Mais tarde o Livro Bege do Fed fornecerá uma atualização sobre a visão dos diretores sobre a economia americana.
