Acabou o cenário de apreciação do câmbio no Brasil. Importante deterioração da conta corrente, desaceleração na China e retirada de estímulos do Fed americano colocarão uma pressão permanente para depreciação em nossa taxa de câmbio nos próximos meses. Nosso déficit em conta corrente subiu para 3% do PIB em Abril, maior nível desde 2002. O investimento direto estrangeiro não é mais capaz de financiar esse buraco. Nosso passivo externo continua aumentando. A queda de preços de commodities no mercado mundial tem dificultado nossas exportações, hoje totalmente dependentes de produtos primários. O déficit de nossa balança comercial manufatureira está na casa dos U$100 bilhões.
A provável subida de juros na economia americana em 2014 fortalece o dólar no mundo e tira valor do real. Claro que o Banco Central do Brasil ainda tem U$370 bilhões de dólares de reservas, swaps cambias para usar. O Ministério da Fazenda pode ajudar reduzindo IOFs. No curto prazo o governo não vai deixar o câmbio se desvalorizar para evitar impactos na inflação que já está no teto da meta (6,5% em doze meses). Mas no médio prazo o governo não tem poder de fogo para segurar um reposicionamento da taxa de câmbio para cima. A dívida privada externa de curto prazo aumentou muito e já passa de U$300 bilhões. O estoque de capital externo de curto prazo por aqui está na casa dos U$500 bilhões.