*escrito com Fausto Oliveira
Precários em sua condição laboral, ganhando menos do que jamais ganharam, vários profissionais brasileiros de alto gabarito dão o testemunho material de como a riqueza econômica ainda reside na produção de bens, serviços e sistemas complexos. O motorista de aplicativo é o nó pobre numa cadeia que acabou juntando duas expressões da mesma verdade: softwares sofisticados e mapeamento geográfico por satelite + veículos que integram sistemas e componentes cada vez mais complexos. Os setores de alta tecnologia continuam nadando de braçada no que diz respeito a economias de escala e escopo. De softwares sofisticados e geoposicionamento é quase ocioso falar, pois todos aceitam que são expressão rica da complexidade econômica. Também é verdade que muitos já se esqueceram da complexidade embutida em um carro (para não mencionar o valor adicionado). O diagrama apresentado acima apresenta os circuitos elétricos integrados num automóvel a combustão convencional. Com o desenvolvimento de novas funções elétricas (desde abertura de janelas até a retroalimentação da bateria por aproveitamento da cinética), um carro se tornou uma somatória de conhecimentos integrados de várias engenharias: mecânica, eletrônica, elétrica e química, tudo isso integrado num design de função e estética de alto padrão. Deveria ser igualmente ocioso lembra que a produção de um simples veículo automotor (e sequer estamos falando de veículos elétricos) reúne um tal amálgama de conhecimento e aplicações tecnológicas, que sua capacidade de geração de riqueza em grande volume, alta dispersão econômica e de alta qualificação humana é uma obviedade prática.