Quantos mais robôs, menor o desemprego! Por quê?

*escrito com Uallace Moreira

os países que tem mais robôs no mundo são também os de menor taxa de desemprego. Por que? pois exportam para o mundo todo e consegue manter todos seus trabalhadores ocupados com ótimos postos de trabalho! Quando Marx escreveu o Capital, sua principal obra, no século XIX, e analisou a composição orgânica do capital, mostrou claramente que uma das tendências do capitalismo era um contínuo processo de inovação tecnológica, com vários setores das atividades produtivas se tornando mais intensivos em capital, impactando na dinâmica do lucro e nas condições do mercado de trabalho e da vida dos trabalhadores. Posteriormente, já no século XX, outro autor que ganhou notoriedade mostrando os impactos das inovações tecnológicas na economia foi Joseph Schumpeter, mostrando os efeitos da destruição criadora na dinâmica do capitalismo causados pelo constante processo de inovação. A partir das geniais contribuições desses grandes autores, vários estudos surgiram debatendo os impactos que as inovações tecnológicas geram no mercado de trabalho. As controvérsias são enormes, como é comum na Ciência Econômica. Por um lado, temos correntes defendendo que a inovação elimina postos de trabalho, gerando desemprego estrutural. Por outro lado, enquanto outras correntes mostram que a destruição de postos de trabalho com a inovação, também cria novas formas de trabalho, ou seja, é um processo de destruição criadora através da inovação, criando novas formas de empregos e dinamizando a economia capitalista.

Os Dados da International Federation of Robotics revelam que o ritmo da automação industrial está acelerando em grande parte do mundo desenvolvido com 74 robôs industriais instalados por 10.000 funcionários globalmente em 2016. em 2020, isso aumentou para 113 em todo o setor de manufatura. A Coreia do Sul lidera esse processo, como vemos na figura 1. Em 2019, a Coreia do Sul tinha 855 robôs industriais instalados por 10.000 funcionários. Isso se deve principalmente à contínua instalação de robôs de alto volume nos setores de eletrônica e elétrica. A Alemanha e o Japão são famosos por suas indústrias automotivas e têm níveis de densidade de cerca de 350 por 10.000 trabalhadores. Curiosamente, o Japão é um dos principais participantes da robótica industrial, respondendo por mais da metade da oferta global. Na verdade, mais uma vez, a Ásia ganha notoriedade, consolidando-se como a região mais dinâmica no mundo, isso porque a Ásia agora tem uma densidade de robôs de 118 unidades por 10.000 trabalhadores e esse número é de 114 e 103 na Europa e nas Américas, respectivamente. A China é um dos países que registra os maiores níveis de crescimento em automação industrial, mas em nenhum lugar tem uma densidade de robôs como a Coreia do Sul. Ao mesmo tempo em que identificamos a Coreia do Sul, Japão, Alemanha, Estados Unidos, China, entre outros, como países que lideram esse processo de inovação/robotização, registram taxas de desemprego menores do que outros países, considerando os indicadores do mercado de trabalho de 2017. Outros países que não se configuram como mais intensivos em robóticas, apresentam taxas de desemprego mais elevadas. Isso coloca em questão: inovação destrói empregos e cria novos? É realmente uma destruição criadora? Temos uma maior dinâmica do PIB nesses países e maior geração de empregos? São questões para refletirmos.

Os robôs chineses vão conquistar o mundo (o Brasil não tem robôs)

4 thoughts on “Quantos mais robôs, menor o desemprego! Por quê?”

  1. Fico pensando se o resultado , para os países como Italia e Espanha, nao seria outro se a medida educacional fosse relativa apenas às áreas de engenharia e afins.

  2. Paulo, a pergunta que vocês fazem no fim do texto é apenas retórica, pois vocês já tem a resposta na ponta da língua. Contudo, “não podemos por remendo de pano novo em vestes velhas; porque o remendo novo tira parte da veste e fica maior ainda a rotura”.
    Destarte, os países que já se encontram na onda tecnológica e são exportadores, possuem uma grande demanda externa que garante os lucros e a produtividade. Como aprendi em suas aulas, essa produtividade transborda para os demais setores. No caso do Brasil e países de economia similares, em um primeiro momento, acredito que haveria desemprego que precisaria ser cobatido com políticas públicas até que esses países tenham condições de dandar com suas próprias pernas, ou melhor, rodas.

  3. A automação e a robotização, corretamente aplicadas, permitem criar melhores e mais empregos, com mais conteúdo intelectual e criatividade para a manufatura em geral. E pq? Pois automatizando atividades de manufatura, geramos condições de ganhos de produtividade, eficiência, qualidade, redução de perdas em geral, estabilidade de processos, entre outros, permitindo sensível redução de custos produtivos. Uma vez alcançados tais resultados, obtém-se a possibilidade de termos produtos de maior qualidade e atratividade, podendo estes ainda ter preços mais competitivos. Ora, tais resultados permitem ganhos de “market share”, aumento nos volumes de fabricação e venda, pois uma camada maior da sociedade em geral terá acesso à esses produtos mais atrativos e baratos. Consequentemente surgirão muitas novas vagas de trabalho nestas industrias, mas não mais no nível fabril, mas no primeiro andar, no segundo andar, no terceiro andar … empregos de maior qualidade e melhor remuneração. Não que não surgirão novos empregos no chão de fábrica, surgirão, mas também de melhor qualidade e maior remuneração, pois devido às novas manufaturas avançadas, muito mais intelecto será necessário.

  4. Ou seja, ricos cada vez mais ricos e com pouco desemprego e os pobres cada vez mais pobres e cada vez com maiores taxas de desemprego.

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