*escrito com Fausto Oliveira

Tudo que é mais nobre, com maior conteúdo tecnológico e mais capital humano embutido vem de fora. Não é estranho isso?! Esta belíssima retroescavadeira é produzida no Brasil por uma multinacional dos Estados Unidos. É ou não é um produto nacional? Vamos estudar o caso.

Este é o motor do modelo apresentado acima. É trazido de fora pela mesma empresa, que usa recursos auferidos no Brasil para comprar de si própria motores para vender novas retroescavadeiras aqui.

Quase nenhum fabricante produz tudo que há em seu produto final. Por isso recorre a fornecedores, e assim vai se formando a cadeia produtiva. Esta bomba hidráulica usada na retroescavadeira é feita por outra multinacional.

Eixos e transmissões. O Brasil ainda tem quem os faça, mas os provedores multinacionais costumam usar fornecedores também multinacionais.

Do produto final, as partes menos complexas são as que geram mais movimento na cadeia produtiva brasileira, como as carcaças e chassis de aço. Mas até para produzir as carcaças e chassis de aço, as multinacionais usam máquinas de solda industrial a laser que, no Brasil, não produzimos.

No final, quando uma construtora brasileira adquire a retroescavadeira para fazer suas importantes obras, comprou no fundo tudo que tem de mais nobre do ponto de vista tecnológico do exterior.

A globalização é assim mesmo, e a retroescavadeira é um produto multinacional. Mas por ter seu conteúdo tecnológico complexo provido por empresas de fora, a maior parte do valor que ela gera vai para os provedores externos.