*escrito com Dominik Hartmann
Para dar um panorama realista dos salários no Brasil, a Figura acima plota a distribuição dos salários pagos no Brasil a 76,6 milhões de trabalhadores nos anos de 2006 e 2013. Podemos observar que salários abaixo de 1.000 reais (=440USD em 2013) são muito frequentes, salários entre 1.000 e 3.000 reais (440-1320USD) são muito menos frequentes, e que um número limitado de pessoas recebe salários acima de 3.000 reais. Apenas 5,7% dos salários superam os 5.000 reais. Em boa parte, isso se deve as ocupações e industrias disponíveis no Brasil.
Trabalho que fizemos com mapeamento detalhado do mercado de trabalho brasileiro em inglês https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3399239, em português http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/27537
Partindo de um conjunto de dados de 76.6 milhões de trabalhadores brasileiros e de métodos da ciência de redes, mapeamos o Espaço Setorial-Ocupacional Brasileiro (“Brazilian Industry-Occupation Space” – BIOS). O BIOS mede em que grau 600 ocupações co-aparecem em 585 setores, resultando em uma rede complexa que demonstra como as comunidades setoriais-ocupacionais fornecem informações importantes sobre a segmentação em rede da sociedade. Demonstramos que gênero, raça, nível educacional e renda se concentram de forma desigual na estrutura centro-periferia do BIOS. Identificamos 28 comunidades setoriais-ocupacionais na estrutura em rede do BIOS e relatamos sua contribuição para a desigualdade de renda total no Brasil. Finalmente, quantificamos a pobreza relativa interna e externa dessas comunidades. Em suma, o BIOS revela como a associação de setores e ocupações ajuda a mapear as classes sociais e entender a desigualdade no Brasil.