Semana importante para a política monetária no Brasil

Esta semana está repleta de notícias de impacto macroeconômico, especialmente em relação às taxas de juros. Veremos a divulgação da ata do Copom amanhã, onde poderemos saber se o Banco Central adotará uma postura mais flexível, fornecendo mais orientações, ou se manterá a abordagem dura que vimos no comunicado da semana passada. Na quarta-feira, o destaque será reunião do Conselho Monetário Nacional de extrema importância, pois definirá a meta de inflação para os próximos anos, incluindo 2025 e 2026. Existem dúvidas sobre se a meta será mantida em 3% com uma mudança da janela fixa para uma janela móvel de 12 ou 24 meses à frente, e também se haverá alguma alteração no centro da meta de inflação, que atualmente está em 3%. Vale lembrar que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o próprio presidente do Banco Central, Campos Neto, são membros do Conselho Monetário Nacional e terão participação decisiva nesse evento importante. Na quinta-feira, veremos o relatório trimestral de inflação, que trará a visão atualizada do Banco Central sobre a conjuntura macroeconômica, incluindo previsões de crescimento e inflação. Portanto, serão três dias fundamentais para a política econômica brasileira e para entendermos os próximos passos em relação à taxa Selic. Os juros longos continuaram caindo com os contratos de janeiro de 2031 chegando a ser negociados abaixo de 10,90%, e os contratos de janeiro de 2030 alcançando valores próximos a 10,97%. Mesmo com o comunicado duro da semana passada, as taxas continuaram em queda. O câmbio também abriu hoje com uma leve queda. Na sexta-feira, o dólar fechou em R$4,77, e o índice DXY teve um dia de grande estresse, com receios de recessão e discursos de autoridades monetárias indicando possíveis aumentos nas taxas de juros. O presidente do Federal Reserve falou na quarta, na quinta expressando preocupação com a possibilidade de aumento da inflação e dos juros. A semana passada foi marcada pela valorização do dólar em relação a várias moedas. Por outro lado, a Bovespa fechou em alta pela nona semana consecutiva, o que não acontecia desde agosto de 2016. Isso mostra uma sequência de valorização muito forte no mercado de ações brasileiro. Apesar de uma leve queda na sexta-feira, fechando um pouco abaixo dos 119 mil pontos, com um volume de negociação de R$26 bilhões; as commodities tiveram queda, o que prejudicou empresas como Vale e Petrobras. O petróleo caiu 3%, mas se recuperou um pouco, fechando em US$74.

Tudo isso afetou negativamente a Bovespa em relação às empresas do setor de commodities. Apesar desse cenário mais difícil no exterior, a bolsa brasileira ainda conseguiu se manter estável. Já no exterior, as bolsas tiveram queda ao longo da semana. A Nasdaq, por exemplo, teve uma queda de quase 1,5% e na Europa, as bolsas tiveram o pior desempenho desde outubro. Há também agora tensão com a milícia privada na Rússia durante o final de semana, mostrando que a situação não está tão controlada como se imagina. É uma novidade o fato de Putin utilizar exércitos privados, aparentemente uma alternativa mais barata do que manter um exército próprio. Porém, o que vimos no final de semana foi uma espécie de motim ou rebelião desses exércitos privados contra o próprio Putin, o que também gerou mais tensão na Europa.

O Focus desta manhã trouxe algumas novidades, principalmente em relação ao IPCA, que está projetado para fechar este ano em 5,06%, lembrando que há um mês atrás essa expectativa era de 6%. O Focus já reduziu em quase 1 ponto percentual a expectativa de inflação para este ano. Também houve melhorias nas projeções de crescimento, com o Focus projetando um crescimento um pouco acima de 1% para este ano, enquanto há um mês atrás a projeção estava um pouco abaixo disso. Quanto à taxa de câmbio, o Focus já começa a projetar um valor de R$5,00 para o final deste ano, mas acredito que seja possível que fique abaixo disso, talvez em torno de R$4,50, se as condições continuarem como estão atualmente. Isso, é claro, dependerá das decisões da política monetária nos Estados Unidos. Se eles aumentarem as taxas de juros novamente, por exemplo, o cenário pode se tornar mais desafiador para o Brasil, mas, considerando as condições atuais, acredito que seja bem possível que o câmbio caia para R$4,50 até o final do ano. Para o próximo ano, o Focus já projeta uma inflação abaixo de 4%, com uma expectativa de 3,98% em 2024, e uma expectativa de crescimento de 1,22% para o próximo ano e 1,83% para 2025. É importante ressaltar que todas essas projeções podem ser alteradas após os eventos que ocorrerão ao longo desta semana, como a divulgação da ata do Copom, a reunião do Conselho Monetário Nacional e o relatório trimestral de inflação. No entanto, o cenário que temos atualmente no Brasil aponta para um possível corte na taxa Selic a partir de agosto ou setembro, o que abriria espaço para um maior valorização da bolsa brasileira, que tem estado um pouco atrasada em relação a outras bolsas internacionais.

1 thought on “Semana importante para a política monetária no Brasil”

  1. Uma mudança no centro da meta, em minha visão, pode afetar a ancoragem das expectativas, elevando a inflação esperada (o que afeta os juros). Quando à possibilidade de flexibilizar o horizonte de tempo da meta perseguida, passando do ano calendário para 12 ou 24 meses, acho bom. Na prática, é o que vem ocorrendo, dada a defasagem da política monetária.

    Só uma observação: a reunião do CMN é na quinta, 29/6, não quarta.

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