Ontem a BOVESPA marcou o sétimo dia consecutivo de quedas com uma retração de 0,55%. O índice chegou a atingir 118 mil pontos, enquanto o volume negociado foi de 23 bilhões de reais. Essa tendência de baixa parece estar sendo influenciada por acontecimentos globais, com crescentes preocupações sobre a inflação nos Estados Unidos. Nas últimas sessões, dois fatores têm contribuído para essa dinâmica desfavorável. Primeiro, existe uma certa demora no Brasil quanto às questões fiscais pendentes, notadamente a votação do novo arcabouço fiscal, que está um pouco atrasada, com previsão de resolução até o final deste mês. Segundo a questão da Petrobras também tem gerado alguma preocupação, já que os preços da gasolina estão um tanto defasados. Este cenário levanta alguns alertas, especialmente considerando que o preço do petróleo está próximo da máxima do ano, chegando a 87 dólares por barril. As restrições de oferta de Rússia e Arábia Saudita, tem exercido influência sobre os mercados. Além disso, nos Estados Unidos, as bolsas também têm enfrentado dificuldades, com receios renovados sobre uma possível retomada da inflação. Esse quadro tem se refletido no mercado brasileiro, influenciando também a alta nos juros futuros do país e a valorização do dólar, que fechou ontem a 4,90 reais. O contexto internacional também está impactando negativamente as commodities em geral, em resposta à desaceleração da atividade na China. Esse fator também tem contribuído para o cenário desafiador da Bovespa nos últimos dias, com setores como metais e mineração enfrentando consideráveis dificuldades. Temos, portanto, uma combinação de fatores adversos, como os dados mais fracos da China, temores de inflação nos Estados Unidos e atrasos no front fiscal brasileiro, que estão contribuindo para as oscilações da bolsa. No entanto, há também algumas notícias positivas no cenário local. A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada hoje mostrou um aumento de 0,2% em Junho em relação a Maio, afastando temores de uma queda no PIB do segundo trimestre. Já o dado do varejo ontem também ficou em linha com as expectativas, apresentando crescimento de 0%, o que praticamente finaliza a série de dados do segundo trimestre. A perspectiva é de um PIB com crescimento de 0,1% a 0,2% para o segundo trimestre. Em relação ao cenário internacional, o índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos EUA registrou uma alta de 0,2% em julho, em linha com as expectativas, enquanto a variação anual ficou em 3,2%, ligeiramente abaixo do esperado 3,3%. O núcleo da inflação também teve um aumento de 0,2% no mês, alinhado com as previsões. Esse dado é positivo, pois coloca a inflação nos Estados Unidos em um nível de 3,2% ao ano, o que representa uma melhora significativa em relação ao pico de 8% anteriormente observado. Isso pode ter implicações importantes, uma vez que a perspectiva de uma inflação mais controlada reduz a probabilidade de uma nova alta de juros pelo Fed na próxima reunião em setembro. O mercado estava preocupado com a possibilidade de um aumento de 0,25% na reunião de setembro, o que agora parece menos provável com o resultado positivo do CPI e do núcleo de inflação. Outro fator relevante a ser observado hoje é o pronunciamento de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, no Senado. Essa será sua primeira intervenção pública após a divulgação da ata e da última decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM). O mercado estará atento a esse discurso, que pode trazer esclarecimentos e dados adicionais sobre a perspectiva econômica e as políticas do Banco Central.
