A situação do setor químico nacional é extremamente grave e requer, com máxima urgência, o apoio do Governo Federal para a implementação de medidas emergenciais e estruturais. Segundo informações da ABIQUIM, as principais questões enfrentadas pelo setor são as seguintes:
- Queda acentuada na produção e vendas: No primeiro quadrimestre de 2023, os volumes de produção e vendas atingiram o nível mais baixo dos últimos 17 anos. O nível de utilização da capacidade instalada também sofreu uma diminuição significativa, com uma queda de aproximadamente 10 pontos percentuais em comparação ao mesmo período do ano anterior, ficando em apenas 67%. Todos os grupos de produtos químicos apresentaram redução no uso da capacidade instalada nos primeiros quatro meses de 2023, em relação ao mesmo período de 2022, destacando-se os intermediários para plastificantes e fibras sintéticas.
- Diminuição na demanda interna: A demanda por produtos químicos de uso industrial encolheu no primeiro quadrimestre de 2023. A produção registrou uma queda de 13,13%, enquanto as vendas internas de produtos fabricados no país recuaram 8,85%. Por outro lado, as importações desses mesmos produtos aumentaram 10,1%, conquistando uma maior fatia do mercado doméstico, correspondendo a 42% do total, em comparação aos 37% nos primeiros quatro meses de 2022. Destaca-se o aumento nas importações de intermediários para fertilizantes, petroquímicos básicos, plastificantes, resinas termofixas e resinas termoplásticas.
- Crescimento nas importações: As importações diretas e indiretas cresceram, especialmente aquelas provenientes de países asiáticos que mantêm relações comerciais com a Rússia e se beneficiam de preços competitivos de petróleo e gás. Importações de produtos químicos (diretas e indiretas) de países asiáticos, como Índia e China, aumentaram devido à sua associação com as exportações de petróleo e gás natural russos, em detrimento da demanda europeia. Além disso, novas capacidades de produção foram adicionadas aos mercados americano e chinês nos últimos meses, desequilibrando a oferta e a demanda por produtos químicos em um momento adverso para a economia nacional e internacional.
- Impacto nos grupos com maior aumento nas importações: Dois dos grupos que tiveram maior aumento nas importações, resinas termoplásticas e petroquímicos básicos, também registraram queda no uso da capacidade instalada. As resinas termoplásticas operaram apenas a 67% em abril (contra cerca de 80% no mesmo período de 2022), e os petroquímicos básicos rodaram a 65% (contra 75% em igual período do ano anterior). A retirada do Regime Especial da Indústria Química (REIQ) sobre diversos grupos de produtos básicos do setor químico desde o ano passado influenciou o desempenho das resinas termoplásticas. O REIQ aguarda regulamentação no Ministério da Fazenda desde janeiro de 2023.
- Concorrência chinesa e americana: A indústria química nacional está sofrendo impacto direto das indústrias chinesa e americana, que aumentaram sua capacidade de produção e reduziram seus custos de maneira significativa. Os EUA se beneficiaram do uso de gás de xisto, que está com preço de US$ 2,5/MMBTU, além de subsídios no valor de US$ 400 bilhões por meio do Inflation Reduction Act. China e Índia também estão se aproveitando do petróleo e do gás natural russo mais baratos devido a sanções comerciais e estão “agredindo” o mercado brasileiro com exportações.
É evidente que o Brasil não está protegendo sua indústria frente a esse movimento. Pelo contrário, os impostos foram aumentados e as medidas de defesa comercial estão sendo mantidas em níveis muito baixos diante desse cenário. O caso da Unigel é apenas a ponta do iceberg pois já existem problemas nas empresas Rhodia, Basf e Braskem. Se um “cracker” parar, um polo inteiro será afetado, e atualmente eles estão operando a apenas 65% da capacidade.