*escrito com Fausto Oliveira
A Comissão de Comércio Internacional dos EUA (USITC) aceitou reclamação do setor de motores de eixo vertical de pequeno porte do país contra a China. Diz haver “reasonable indication” de que seus fabricantes estão sofrendo com dumping asiático.

Fabricantes como Briggs&Stratton e Kohler estão incomodados com a entrada no país de unidades mais baratas como a da Bison, fabricada na China. Dizem que os motores chineses têm preço de exportação 320% menores que a média de mercado nos EUA para o mesmo produto. A Briggs&Stratton foi fundada em 1908. Fabrica motores de eixo vertical (usados em máquinas como cortadores de grama, sopradores etc) e tem receitas anuais em torno de US$ 1,7 bilhão com motores de pequeno porte.

A Kohler tem mais produtos do que a Briggs, e operação em todos os continentes. Suas vendas anuais de motores geram em torno de US$ 7 bilhões. São as típicas empresas que se beneficiaram de gordos subsídios, compras públicas e apoio à exportação do governo dos EUA por longos períodos após a Segunda Guerra.

Mas agora se incomodam pelos cerca de 250 mil motores de eixo vertical chineses que chegam aos EUA mais baratos todos os anos. Acusam a China de fazer exatamente as mesmas práticas das quais se beneficiaram. Mas é tarde demais. É mais um testemunho da perda de hegemonia dos EUA na produção de riqueza mundial. Quem viu o filme “American Factory”, ganhador do Oscar, sabe do que se trata.
Pior é o caso do Brasil, que sequer chegou a produzir seus próprios motores de eixo vertical, e se contenta em estampar sobre um motor chinês Lifan a logo de uma empresa nacional. Zero captura de valor, zero aprendizado tecnológico.

Todas as fábricas que o Brasil já teve nesse segmento foram gringoladas!