*escrito com Daniel Bispo
Santa Catarina é um Estado do Sul do Brasil com aproximadamente 7,1 milhões de habitantes e Maranhão é um Estado do Nordeste do Brasil com também 7,1 milhões de habitantes, no entanto as semelhanças param por aí. Santa Catarina tem um PIB per capita de quase 40 mil reais, um IDH em 0,808 e um índice de Gini de 0,429 – o estado menos desigual do Brasil. O Maranhão, por sua vez, tem um PIB per capita de 13 mil reais (⅓ do catarinense), um IDH em 0,687 e um índice de Gini de 0,528. Uma diferença fundamental entre ambos os estados que se apresenta para entender a distinta dinâmica de acumulação de capital nesses dois lugares é a complexidade econômica. No Ranking de complexidade econômica de 2019, Santa Catarina é o 4º estado com a economia mais complexa do Brasil, ao passo que – para o mesmo ano e o mesmo ranking – o Maranhão é o 17° estado mais complexo. Ou seja, ao passo que Santa Catarina tem uma maquinaria produtiva mais diversa, alcançando um leque maior de produtos e bens que consegue fazer, o Maranhão tem isso de forma menos diversa, ficando viciado em produtos primários. Essa diferença é possível visualizar ao se analisar a estrutura produtiva de cada estado.
O PIB Industrial de Santa Catarina em 2019 era de 63 bilhões de reais e o do Maranhão era de somente 13 bilhões de reais, lembrando que ambos os estados têm a mesma população. Os 42 mil estabelecimentos industriais de Santa Catarina empregam grande massa de trabalhadores, sendo que somente a indústria no estado é responsável por 33,8% de todos os empregos formais do estado. O Maranhão, por sua vez, tem somente 4260 estabelecimentos industriais – mas mesmo assim eles são responsáveis por 10,3% do emprego formal no estado. Uma maior predominância da Indústria fomenta um melhor setor de pesquisas, remunera melhor os trabalhadores, desencadeia uma cascata de serviços em toda sociedade e emprega mais formalmente; além de repassar mais impostos para o governo estadual. Uma Indústria potente tem efeitos em toda a sociedade organizada daquele estado que se reflete em melhora de renda e qualidade de vida.
A Suécia, exporta cerca de 140 bilhões de dólares por ano, tem uma produção industrial anual de 74 bilhões de u$ ou 340 bilhões de reais! Tem uma população de 10 milhões de habitantes. Como isso é possível? Economia complexa é a resposta certa, a Suécia é a quinta economia mais complexa do mundo. A Suécia é a pátria mãe de empresas como a Electrolux, Ericson e Spotify. Considerável parte desse alto volume de exportação sueca são os produtos automobilísticos. A Suécia também é mãe das marcas Volvo e Scania, que estão entre as maiores fabricantes de caminhões pesados do planeta e no Brasil são, respectivamente, a segunda e a terceira marcas de caminhões que mais venderam unidades no ano passado. As empresas suecas, só em 2018, colocaram 18 mil caminhões nas estradas brasileiras. Embora haja negociações acionárias de compra da Scania pela estatal alemã Volkswagen e de parte da Volvo pela chinesa Geely, a sede de ambas as empresas ainda permanecem na Suécia e geram, juntas, mais de 135 mil empregos. No Brasil há cerca de 220 empresas suecas que movimentam mais de 30 bilhões de coroas suecas anualmente. Tanto que São Paulo é frequentemente chamada de ‘a segunda maior cidade industrial da Suécia’ (depois de Gotemburgo).




Magnífico artigo do grande professor Paulo Gala, que sigo com entusiasmo.