Um comentário sobre a volatilidade no mercado de Treasuries (títulos do Tesouro dos EUA): Ontem, os yields chegaram a atingir 4,87%, maior nível desde 2007. Há muita apreensão devido ao aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve nos Estados Unidos, bem como a tumultuada situação no Congresso Americano. A destituição do presidente da Câmara dos Representantes, um evento inédito na história americana, gerou grande debate sobre o déficit público, que já ultrapassa 7% do PIB este ano. Além disso, a dívida nacional dos EUA ultrapassou 30 trilhões de dólares, agravando as tensões entre republicanos e democratas, inclusive dentro do próprio partido republicano. Tudo isso se soma às preocupações com a inflação e a possível elevação das taxas de juros pelo Fed em sua reunião de novembro. A falta de compradores estrangeiros de Treasuries também é um fator complicador. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) sofreu uma queda significativa, chegando a 113 mil pontos, e as ações de varejo e bancos estão em baixa. O dólar está sendo cotado a 5,15, contrariando a tendência de fortalecimento da moeda brasileira em um ambiente de calmaria. Esse cenário de incerteza continuará até o Banco Central dos EUA tomar uma posição mais clara sobre o aumento das taxas de juros, o que aliviará a pressão nos mercados. No entanto, as autoridades estão cautelosas devido à inflação ainda acima da meta de 2%, o que torna a situação delicada. Alguns diretores do Fed falam em manter as taxas, enquanto outros consideram a possibilidade de aumentá-las. Os dados de emprego do relatorio ADP de hoje mostraram um mercado de trabalho mais brando depois da surpresa do numero grande de vagas abertas de ontem no relatorio JOLTS. O dado mais aguardado da semana será divulgado na sexta-feira: o payroll.