*escrito por Fausto Oliveira
A Lava Jato se desmoralizou, e por isso a onda agora é apontar o dedo para “políticas desenvolvimentistas” que teriam sido a causa original dos escândalos. Pessoal muito ingênuo mesmo! Por ter uma base industrial e tecnológica pequena em comparação com a Europa do norte, a Espanha se especializa em exportação de serviços de engenharia. E adivinha: Sacyr, Ferrovial, FCC e outras são tão corruptas quanto a Odebrecht. Elas costumam entrar com facilidade em países que não têm suas grandes empresas de engenharia, e lá fazem sua festa. A América espanhola é alvo preferencial. Mas não deixam de praticar a corrupção na própria Espanha, onde frequentemente são flagradas. Note-se que nem por isso o governo espanhol acaba com suas milionárias empresas de serviços de engenharia. Aqui mais um pouco de como se trata a corrupção envolvendo serviços de engenharia na Espanha. O caso é sério, mas em nenhum momento se critica o fato original: afinal eles sabem que contratações públicas de grandes empresas espanholas são fundamentais. E antes que se pense que isso é “coisa de ibéricos” e patacoadas afins, vejam como a Halliburton exporta práticas de corrupção junto com serviços de engenharia. Neste caso, usando-se de países com recursos naturais e instituições frágeis. Países em desenvolvimento são alvo preferencial da exportação da corrupção anglo-saxã. Na copa de 2010, o governo sul-africano foi atacado por artimanhas de sobrepreço. Mas multou as empresas e vida que segue. Logo já estava contratando novamente. Na chiquérrima, hipster e tranquilona São Francisco, a contratação pública de obras também tem corrupção. Mas comentaristas impolutos sonham com uma sociedade livre de corrupção, o que é impossível. Ora, o que de fato desejam é que o Brasil não ouse ir além das atividades primitivas que já fazemos. E se um dia descobrirem esquemas envolvendo Embrapa e traders do agro, o que dirão? Para desenvolver, BR vai ter que usar o Estado, como TODOS usam. Isso abre brechas para lamentáveis apropriações da coisa pública? Sim. Tb não gosto disso. Mas a alternativa é continuar pobre! O Estado não é “parceiro” das empresas, mas sim o Empreendedor que dirige as empresas.
referências:
https://elpais.com/economia/2019/10/30/actualidad/1572438853_383908.html
https://www.publico.es/espana/operacion-policial-varios-municipios-contratacion.html
https://www.eltriangle.eu/es/2020/06/15/noticia-es-106394/
https://www.khl.com/news/WM-Kellogg-to-admit-to-Nigerian-bribes/1051752.article
https://www.khl.com/news/Regional-Report-South-African-hope/1099332.article
Neste artigo não me ficou claro a posição do autor: é ele a favor da corrupção ? Segundo entendi, sem empresas corruptas não há possibilidade de desenvolvimento…
vc conhece alguém que seja a favor de corrupção? (ale´m dos corruptos claro)
Para não ficar dúvidas: “Sim, também não gosto disso”, Fausto Oliveira sobre a corrupção. Texto descritivo sobre a prática de corrupção mundo à fora. Não é a intenção do autor fazer uma análise moral da prática.
A questão central é o uso do combate à corrupção, que é realmente importante, como forma de obliteração das políticas públicas de desenvolvimento e de redução das desigualdades, quando ocorrem, no país.
Na verdade a corrupção, como diz o texto, é um fato mundial – e é combatida de diversas formas no mundo todo. Mas no Brasil a institucionalidade e a burocracia estatais a colocam como nó górdio nacional, e qualquer esforço se justifica para combatê-la e preveni-la, de modo que o poder de veto, de inibição de ações desenvolvimentistas, por exemplo, é muito maior aqui do que em outros lugares do mundo. Essa visão leva ao sacrifício do desenvolvimento e da redução de desigualdades em nome do combate à corrupção – que por sinal não se reduz, a ponto de grassar livremente entre os que supostamente a combatem, como no caso da lava-jato.
É necessário um ótimo programa de compliance que evite um roubo do estado. A corrupção é uma realidade nos EUA, mas há uma luta para combate-la. Ignorar isso é colocar empregados “forçados” a entrar em esquemas, coisa muito comum no ambiente “empresarial” brasileiro e norte-americano tmb. Vale a pena ouvir especialistas. Infelizmente passar pano é o pior a fazer. No final, a contaminação é geral e tudo vira “normal”.
Não vi nada ligando a enorme corrupção das empreiteiras brasileiras à permanência no poder pelo PT, Toda a roubalheira foi canalizada para o partido e seus aliados com este específico objetivo, que, aliás começou no mensalão. Ainda que p objetivo foi apenas roubar, os donos das empresas deveriam ser presos e as empresas deveriam responder pela imoralidade cometida. Nada a ver o fato de serem extintas ou voltaremos ao “rouba mas faz”.