O setor industrial se destaca numa economia pois de todos os subsetores produtivos é o que mais exerce efeitos de encadeamento para frente e para trás nas cadeias produtivas dos outros subsetores e em seu próprio subsetor (ver gráfico acima). Isto ocorre porque a indústria de transformação demanda insumos e oferta produtos de e para todos os demais setores da economia, como também porque os elos de ligação entre os setores produtivos intra-indústria são mais densos. Movimentos de expansão ou contração no setor manufatureiro afetam mais o conjunto da economia do que impulsos observados fora desse setor. Essa primazia da industria pode ser facilmente observada nas economias mundo afora a partir da analise das matrizes insumo-produto de cada pais. Nesse sentido o Atlas da Complexidade econômica traz uma contribuição inestimável; ao calcular a probabilidade de produtos serem co-exportados por diversos países, o Atlas cria uma medida muito interessante sobre conhecimento produtivo contido nos produtos e capacidades locais necessárias para produzi-los. Quanto maior a probabilidade de dois produtos serem “co-exportados” maior a indicação de que contem caracteristicas similares e de que portanto demandam capacidades produtivas similares para serem produzidos, são produtos irmãos ou primos. O indicador de “co-exportacao” acaba funcionando como uma espécie de medida de “encadeamento de conhecimento produtivo” de cada produto, ou seja, ele indica as conexões produtivas existentes entre vários bens graças aos pré-requisitos comuns necessários para produzi-los. Os bens que tem muita conectividade estão portanto carregados de potencial de conhecimento e tecnológico enquanto que os bens que tem baixa conectividade requerem capacidades produtivas simples e que tem baixo potencial multiplicativo de conhecimento. Por exemplo: países que produzem motores de combustão avançados provavelmente tem engenheiros e conhecimentos que permitem produzir uma série de coisas similares e sofisticadas. Países que produzem só bananas ou frutas tem conhecimentos limitados e provavelmente serão incapazes de fazer bens mais complexos. É importante frisar aqui que toda dificuldade decorre da incapacidade de se observar diretamente essas competências produtivas locais. O que se observa no comércio internacional são os produtos e não as habilidades que os países têm em produzi-los.
ver paper sobre o assunto, sobre a importância das redes produtivas
*Brasil (2008) http://www.culturaacademica.com.br/catalogo-detalhe.asp?ctl_id=305,