Viva os retornos crescentes!

As maiores fortunas na bolsa brasileira foram feitas com fábricas. Plascar, Forjas Tauros, Weg, Embraer estão entre as empresas que tiveram seu valor em bolsa multiplicado por múltiplos de 5, 10, 20 e até 100x. As empresas industriais têm uma característica comum não encontrada na maioria das empresas do setor de serviços ou no agronegócio, a saber, custos marginais de expansão decrescentes ou no jargão do economista retornos crescentes com economias de escala e escopo. O aumento de um turno de produção, por exemplo, ou a implantação de uma nova máquina na planta produtiva pode multiplicar a capacidade de produção da indústria em muitas vezes. Nos setores de serviços e agronegócio o custo marginal de expansão tende a ser muito caro e acrescentar na margem pouca capacidade produtiva, são setores que sofrem com retornos decrescentes. Numa fábrica a simples adoção de uma nova tecnologia pode muitas vezes duplicar ou triplicar o volume de produção total da planta. O mesmo não se observa em fazendas ou no comércio.

Do ponto de vista de investimento em bolsa a mensagem dos retornos crescentes é bem clara. Fábricas têm maior potencial de multiplicação de valor do que empresas de outros setores, tudo o mais constante. Na hora de escolher seus investimentos procure por barganhas no setor industrial, de preferência. Do ponto de vista de desenvolvimento econômico, existem conseqüências interessantes também para os retornos crescentes. Observa-se na historia dos países que aqueles que tiveram seu processo de crescimento puxado por produção industrial se desenvolveram mais. O grande exemplo do século XIX foi a Inglaterra, depois os EUA no século XX e no início do século XXI a China. Não podemos nos esquecer também do Japão e Alemanha do pós-guerra. Ainda nos anos 70 e 80, Coréia do Sul, Taiwan, Malásia, Tailândia e Indonésia são também bons exemplos. Ou seja, os casos mais bem sucedidos de desenvolvimento econômico na história foram os de países que perseguiram a excelência fabril.

Como destacam alguns economistas, o crescimento econômico tende a ser um processo setor-especifico e não setor-neutro. O que você produz importa. Países que focam suas atividades em áreas de retornos crescentes convivem com maiores aumentos de produtividade ao longo do tempo o que acaba resultando em maiores salários e mais crescimento. Se a produtividade aumenta, existe mais excedente para ser distribuído para o trabalhador, para o empresário, para o dono do imóvel e para o governo. Produtividade alta é a chave para uma renda per capita elevada que significa riqueza econômica. Desenvolver atividades com retornos crescentes é um dos caminhos mais rápidos para atingir essa meta. A composição do PIB importa para o desenvolvimento econômico!

A microeconomia da produtividade: economias de escala

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