Os setores-chave para o encadeamento produtivo no Amazonas são: refino de petróleo e coque; químicos, resinas e elastômeros; produtos de borracha e material plástico; energia elétrica e gás natural e transporte terrestre, que atuam como importantes demandantes de insumos e ofertantes de produtos. Os setores com maior efeito na produção são: energia elétrica e gás natural; refino de petróleo e coque; produção de carne, laticínio e pesca; químicos, resinas e elastômeros; e cosméticos, perfumaria e higiene pessoal. As atividades com maior capacidade de geração de empregos locais estão relacionadas ao setor de serviços, à agropecuária e à indústria tradicional. O setor de serviços tem maior relevância para a geração de rendimento formal na economia amazonense. A análise conjunta dos indicadores multissetoriais e de impacto revela a importância da indústria de transformação como motor de políticas regionais. Os resultados contribuem para elaboração racional de políticas públicas para o desenvolvimento econômico e social do Amazonas. Ainda há um considerável número de atividades da economia do Amazonas pouco integradas à teia produtiva do estado. Considerando o valor da produção, os setores que mais impactam a economia do estado, sendo, ao mesmo tempo, os mais importantes ofertantes e demandantes para os demais setores, estão relacionados à indústria: i)Fabricação de bens de informática e eletrônicos; ii) Refino de petróleo e coque; iii) Duas rodas e outros equipamentos de transporte; iv) Energia elétrica e gás natural) v) – Comércio.
As atividades com maior capacidade de geração de empregos locais estão relacionadas ao setor de serviços, à agropecuária e à indústria tradicional. Contudo, a partir da análise do cruzamento dos dados do multiplicador de emprego com os índices de encadeamento setoriais, percebeu-se que políticas públicas voltadas para a geração de emprego no Amazonas seriam mais efetivas se combinas as atividades da indústria tradicional com forte ligações com o setor primário, particularmente com a agricultura. Partindo da ousada premissa, à luz da utilidade da identificação de setores que podem ser priorizados para a formulação de políticas setoriais, merece atenção o setor de fabricação de químicos, resinas e elastômeros por ter sido identificado como chave em diferentes métodos e por sua capacidade de gerar produto a partir de indução de demanda. Nesse sentido, aperfeiçoamentos normativos poderiam criar os estímulos corretos para que o setor de termoplásticos, que tem participação importante no Polo Industrial de Manaus (PIM), passasse a produzir, por exemplo, compósitos poliméricos utilizando, para tanto, resinas e fibras vegetais regionais. Além da redução de importação de polímeros, a política poderia estimular a indução de cadeias produtivas endógenas, sobretudo, as de setores que têm importante influência na geração de empregos no interior do estado, a exemplo do setor de Produção Florestal e, particularmente, do setor de Agricultura, que tem fortes ligações para frente com outros setores.
Até então ligado à Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o Centro de Biotecnologia da Amazônia CBA encabeçado pela Fundação Universitas de Estudos Amazônicos (Fuea) tem a função de repensar a estrutura produtiva da Amazônia. A Fuea é formada por um consórcio entre a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT/SP), e a Fundação de Apoio ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (Fipt). O centro será composto por três setores: prospecção; laboratório aberto para universidades e instituições de pesquisas científica e tecnológica e desenvolvedores de produtos; e escritório de projetos. O CBA vai se posicionar ao fim da cadeia de inovação, ao lado do setor produtivo, para não concorrer com outros órgãos, como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e as universidades. Essas instituições vão atuar na coleta dos insumos para testes, por exemplo. Após a execução de um protótipo, o CBA vai incubar esta pesquisa, transformá-la em produto e transferir tecnologia para o setor privado. Gerar demanda no interior do Amazonas, por meio do aproveitamento sustentável da biodiversidade, é uma das metas desta nova fase do CBA. O diagnóstico para traçar este planejamento mostra que os efeitos diretos do modelo de desenvolvimento amazônico criado no fim da década de 1960, com a implantação da Zona Franca de Manaus (ZFM), ficaram restritos à capital, que concentra 87% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Dentre os segmentos apontados como promissores, estão psicultura e indústria pesqueira; madeira e concessões florestais; ecoturismo; turismo de negócios; indústria farmacêutica; fármacos e fitoterápicos; cosméticos; óleos essenciais; indústria alimentar (bebidas); óleos vegetais; proteína vegetal; digitalização; e extração mineral. A riqueza da biodiversidade, nossa vantagem comparativa, pode nos colocar numa fronteira tecnológica (vantagem competitiva), desde que elejamos a bioeconomia de alta intensidade tecnológica e valor agregado (biotecnologia) como o vetor econômico para o qual devemos direcionar e priorizar a alocação ótima dos fatores de produção. Agregar valor à produção local é desafio da região. Por exemplo o açaí, fruto nativo da Amazônia que tem o Pará e o Amazonas como principais produtores nacionais: um saco com 80 quilos da fruta (in natura) é exportado por R$ 250. Na Europa, o mesmo saco dá origem a 8 quilos de açaí liofilizado com valor de R$ 872. Na indústria de química fina do exterior, os mesmos 8 quilos são transformados em um pacote com 160 extratos de açaí liofilizado por R$ 4.008, dezesseis vezes mais do que valor do saco exportado.
Referências:
https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9266