O aumento explosivo do preço de non-tradables brasileiros em termos de dólares ate 2015 não foi, certamente, resultado de um aumento de produtividade e salários como gostaríamos. Inúmeros trabalhos mostravam que a moeda brasileira estava relativamente sobrevalorizada, tanto a partir de medidas de desvios de PPP (Paridade do poder de compra) com ajustes de produtividade, quanto em medidas do tipo BEER (Behavioural Equilibirum Exchange Rates). Como explicar então a trajetória de apreciação que colocava o câmbio cada vez mais “fora do seu lugar”? Aqui entra a natureza financeira da taxa de câmbio. Com a transformação do país em grau de investimento em 2008 e o elevado apetite dos investidores por investimentos em país emergentes, houve uma verdadeira enxurrada de capitais para Brasil no período 2005-2012. Aplicações em Bolsa, títulos e derivativos motivavam uma apreciação crescente da moeda brasileira que parecia mais e mais subvalorizada aos olhos do mercado financeiro.
O período de relativa calmaria no mercado mundial pre crise de 2008 ajudou a instigar os espíritos “minskyanos” dos agentes financeiros que cada vez mais apostavam em posições de liquidez duvidosa nos mercados emergentes. Por aqui, o câmbio continuava se apreciando na medida em que essas operações eram altamente rentáveis. Empresas domésticas apostando com derivativos na apreciação do real e fluxos de capital para bolsa e títulos provocaram uma das maiores apreciações cambiais do mundo emergente segundo a revista The Economist. Em 2015 chegou finalmente o momento Minsky, onde a desalavancagem e a deflação de ativos predominaram. O movimento de apreciação construído em 7 anos é desfeito em alguns meses. De uma maneira conturbada, para dizer o mínimo, o câmbio volta para uma posição mais razoável do ponto de vista de relação de preços entre bens tradables e non-tradables. Para que tem estudado Keynes e Minsky, nenhuma grande novidade nesse tipo de dinâmica financeira.
Seria bom colocar no mesmo gráfico o saldo da Balança de Transações Correntes